Administração da ULS Almada-Seixal em funções até ao fim do ano
DESNS contradiz ministra, que tinha apontado Dezembro de 2025
A administração da Unidade Local de Saúde Almada-Seixal (ULSAS), que em Setembro passado recebeu indicações para sair, termina o mandato a 31 de Dezembro, disse à Lusa a Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DESNS).
Na Quarta-Feira 13 de Novembro, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, referiu em declarações aos jornalistas, no final de uma visita ao hospital Amadora- Sintra, que a administração da ULSAS estaria a funcionar até ao término do seu mandato.
“O Hospital Garcia de Orta está a funcionar, naturalmente. Tanto quanto eu sei não há nada de novo e penso que, enfim, tem o seu conselho de administração a funcionar até ao término do seu mandato, pelo menos é isso que tudo indica”, disse a ministra, acrescentando que o fim do mandato seria em Dezembro de 2025.
Contudo, a DESNS esclareceu hoje, 16 de Novembro, à Lusa que o mandato termina no final de Dezembro deste ano. Até agora não tinha sido revelada publicamente uma data para a sua saída.
A DESNS decidiu, no início de Setembro, afastar o conselho de administração da ULSAS, que inclui o Hospital Garcia de Orta (HGO).
Na altura, directores de serviço do HGO, coordenadores de centros de saúde do agrupamento Almada–Seixal, enfermeiros gestores e técnicos coordenadores manifestaram-se contra a demissão num abaixo-assinado, onde afirmavam discordar da decisão e reiteravam “toda a confiança na actual equipa de gestão e na continuidade dos projectos em curso”.
O documento foi assinado por 36 directores de serviço do HGO, pelos coordenadores de 23 Unidades de Saúde Familiar, 16 enfermeiros gestores e nove técnicos coordenadores.
O conselho de administração é presidido pela farmacêutica Maria Teresa Luciano, desde Janeiro de 2024, que anteriormente, exerceu o cargo de presidente do HGO, de Agosto de 2022 a Janeiro de 2024.
Numa resposta enviada à agência Lusa, a direcção executiva do SNS adianta que até ao momento não foram feitas novas nomeações.
Demissão num telefonema de três minutos
A 23 de Outubro, Teresa Luciano, presidente do conselho de administração da ULSAS, afirmou no Parlamento, onde prestou declarações na sequência de um requerimento apresentado pelo BE, que a administração foi demitida pelo director executivo do SNS através de um telefonema que durou “menos de três minutos” e que lhes foi pedido que fizessem uma carta de rescisão. O motivo terá sido os encerramentos que aconteceram na urgência de ginecologia/obstetrícia durante o Verão. A responsável afirmou na altura, que o conselho não ia apresentar a demissão e que não recebeu mais indicações.
“A 3 de Setembro, pelas 14h25, recebemos um telefonema de menos três minutos a dizer que estávamos demitidos pelo senhor director executivo, dizendo que a senhora ministra tinha muito apreço pelo nosso trabalho e a perguntar se poderíamos fazer cartas de rescisão. Até ao momento, e passados dois meses, mais nada sabemos sobre o assunto”, afirmou à data Teresa Luciano.
Nesse dia, a responsável adiantou que tinha falado entretanto com a ministra da Saúde e que esta lhe explicou que “a competência de demitir um conselho de administração é da Direcção Executiva do SNS” e que numa “conversa cordial” referiu que “a possível causa seria o funcionamento da ginecologia/obstetrícia”.
Explicou também que a ULSAS tem 22 especialistas, mas que vários estão de licença ou não fazem urgências. Dos 22 médicos “três não fazem urgências e restam 19”. “Temos sete pessoas em licença de maternidade”, acrescentou, o que reduz para 12 os especialistas disponíveis. Há “cinco que têm mais 55 anos” e que, por esse motivo, podem deixar de fazer urgência, sendo que “alguns” só fazem escala durante o dia.
“Desafio qualquer conselho de administração a fazer a escala”, disse, referindo que, para uma ULS com aquele grau de complexidade, as equipas deviam ser constituídas por quatro especialistas. “Estamos a fazer escalas com dois especialistas e dois internos.”
Jorge Seguro Sanches apontado como substituto, desiste do cargo
Logo após a demissão do Conselhor de Administração da ULSAS pela DESNS, foi apontado como substituto de Maria Teresa Luciano o socialista Jorge Seguro Sanches.
No entanto a 2 de Novembro, o ex-secretário de estado da energia, considerou não estarem reunidas as condições para aceitar o cargo. Seguro Sanches comunicou à tutela e à DESNS, já não ter disponibilidade para assumir o cargo. O seu nome tinha sido anunciado, dois meses antes, pela secretária de estado da saúde, Ana Povo, numa entrevista à RTP.
Pedro Azevedo, médico da CUF e militante do PSD/Almada, foi apontado na altura como a nova escolha.
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