Almada | As Oito Montanhas

A história de uma amizade, de crianças que se tornam homens, que tentam não seguir os passos dos pais, mas que, através dos caminhos que tomam, acabam sempre por regressar a casa.

“As Oito Montanhas” começa em meados da década de 80 do século XX, com a chegada de Pietro (Luca Marinelli), um rapaz de 12 anos de idade, e os seus pais, a uma pequena aldeia no vale de Aosta, nos Alpes Italianos. Vindos da vida acelerada da cidade de Turim, a família faz do lugar o seu principal destino de férias de Verão. A aldeia tem apenas 14 habitantes e uma única criança, Bruno (Alessandro Borghi), também de 12 anos, com quem Pietro desenvolve uma grande amizade. Bruno já não tem mãe e vive com os tios criadores de gado, enquanto o pai, operário da construção civil, vai trabalhar em França e na Suíça. A partir do momento em que se conheceram, ainda miúdos, os dois tornaram-se inseparáveis, partilhando aventuras, segredos e memórias. A cada Verão, Pietro e Bruno tornam-se mais próximos, explorando juntos a imensidão das montanhas. Ao longo dos anos, Bruno permanece fiel à sua montanha, enquanto Pietro, de espírito livre, é aquele que vai e vem.

O lugar tem um significado completamente oposto para cada um deles: enquanto Pietro vê as montanhas como uma fuga da vida complicada e solitária que tem na cidade, Bruno está “preso” numa realidade que para ele é também solitária. As suas experiências ao longo dos anos evocam amor e perda, recordando-lhes ocasionalmente as suas origens e deixando que os seus destinos se desdobrem, enquanto Pietro e Bruno descobrem o significado da amizade eterna. Uma reviravolta triste faz com que os dois se separem e cresçam longe um do outro. Será que uma amizade sobrevive ao tempo e à distância? O reencontro, quase 20 anos depois e com as diferenças entre eles ainda mais acentuadas, cria um clima de tensão. Pietro, que entretanto herdou uma velha ruína comprada pelo pai no cimo da montanha e se encontra numa fase difícil, decide regressar ao único lugar onde foi verdadeiramente feliz. Bruno, que ali se manteve durante todos esses anos e tem uma visão peculiar sobre a existência, estará novamente ao seu lado neste recomeço. 

Algumas relações que construímos ao longo da vida parecem ter a solidez de uma rocha. Às vezes, é difícil explicar exactamente como, quando e porquê esses relacionamentos ficaram tão inabaláveis, porque a sua construção foi gradual e natural, que parece que sempre lá estiveram e vão estar sempre. É sobre estas relações que fala “As Oito Montanhas”, um melancólico drama existencialista, que funciona como uma ode à inabalável amizade masculina, capaz de sobreviver às contingências espácio-temporais e às diferenças socioeconómicas. Um tributo sem pressas à amizade e às coisas simples.

No filme, as paisagens naturais imponentes assumem um papel fundamental, que vai muito além do cenário. Ao intercalar cenas muito abertas e muito fechadas nas personagens, o filme compara o tamanho dos humanos com a imensidão da natureza.

O filme é adaptado da obra literária de mesmo nome, publicada em 2018 pelo autor italiano Paolo Cognetti. Assistir a “As Oito Montanhas” é quase como ler, neste caso ver e ouvir, um livro, devido ao papel do narrador em voz off. O filme que decorre em Itália, foi uma das primeiras estreias no Festival de Cannes de 2022, onde venceu o Prémio do Júri.

Ficha Técnica:

Título original: Le otto montagne
Realização: Felix van Groeningen e Charlotte Vandermeersch
Argumento: Paolo Cognetti, Charlotte Vandermeersch, Felix van Groeningen
Produção: Lorenzo Gangarrosa, Hans Everaert, Olivia Sleiter, Mario Gianani, Vindhya Sagar
Elenco: Luca Marinelli, Alessandro Borghi, Filippo Timi, Elena Lietti, Elisabetta Mazzullo, Lupo Barbiero, Cristiano Sassella, Andrea Palma
Música: Daniel Norgren
Fotografia: Ruben Impens
Edição: Nico Leunen
Género: Drama
Origem: Bélgica, França, Itália, Reino Unido
Ano: 2022
Duração: 147 min.
Classificação: M/12

Preço: 3€ com desconto de 50% para jovens e seniores

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