Almada | Transborda 3ª Mostra Internacional de Artes Performativas

A 3ª edição do Transborda - Mostra internacional de Artes Performativas, decorre de 29 de Abril a 14 de Maio em Almada

A 3ª edição da Transborda traz a Almada espectáculos, oficinas, performances e conversas entre 29 de Abril e 14 de Maio de 2023.

A Mostra Internacional de Artes Performativas de Almada é dedicada à apresentação de propostas inovadoras de dança contemporânea, à partilha artística e à difusão de trabalhos performativos movidos pelo desejo de experimentação e de exceder fronteiras. Reúne artistas que experimentam formas de inventar mundos no encontro poroso com o outro. Em escutas sensíveis do corpo, estes criadores transformam com as suas danças hábitos preceptivos, intensificam vitalidades, friccionam limites e transbordam na práctica da alteridade.

A Mostra reúne anualmente artistas e curadores que desenvolvem trabalhos com enfoque na diversidade dos corpos, na potência dos afectos e, na reinvenção perceptiva e participativa dos espaços comuns através da arte.

A Transborda 2023 teve início no Dia Mundial da Dança, 29 de Abril, com “Ai, Ai, Ai” trabalho inaugural da vasta obra do coreógrafo brasileiro Marcelo Evelin. Esta semana apresenta “Batucada”, realizado com 40 performers e concebido para a abertura do Kunstenfestivaldesarts de Bruxelas. Traz também a Portugal “Nébula”, o mais recente espectáculo da artista brasileira radicada em França, Vania Vaneau. A coreógrafa e bailarina Vera Mantero, uma das fundadoras da Nova Dança Portuguesa, apresenta na Sala Principal do Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB) “O Susto é um Mundo”, Mariana Tengner Barros traz a Almada “Threshold” e Francisco Thiago Cavalcanti e Francisca Pinto estreiam “Quando eu morrer me enterrem na floresta”, um dos quatro trabalhos seleccionados para o “Apoio à Criação 2022” da Casa da Dança de Almada e do Fórum Dança de Lisboa. O coreógrafo Thiago Cavalcanti apresenta também a sua primeira performance em co-criação, “Também se matam cavalos”.

“Ai, Ai, Ai” de Marcelo Evelin é uma viagem poética às raízes afectivas de um coreógrafo brasileiro há muito tempo longe de seu país. A peça recebeu o Prémio de Prata das Artes na Holanda quando estreou, em 1995. Em 2021, com a co-produção de Lafayette-Anticipations e Festival d’Automne à Paris, vinte e seis anos após sua criação, Marcelo Evelin reencena aos sessenta anos este solo fundador e confronta seu passado mais uma vez. 

O trabalho “Batucada”, realizado com 40 performers locais, é uma espécie de desfile apoteótico e revolucionário, onde corpos subversivos e mascarados batucam panelas, frigideiras e latas num ritual que desmancha fronteiras entre o espectador e artista. 

“Nébula”, o novo espectáculo de Vania Vaneau, aborda o corpo humano e a sua relação com a natureza como o encontro de campos de forças num contexto pós-apocalíptico, é uma travessia para o desconhecido, um momento de eclipse para vislumbrar outros mundos possíveis. “O Susto é um Mundo” de Vera Mantero é uma peça que nos coloca perante o inconsciente, uma quase entrada no mundo dos sonhos, através de uma linguagem simbólica e simultaneamente quotidiana, ensaiando uma ligação com a natureza e um combate a todos os sustos do mundo.

“Threshold” de Mariana Tengner Barros convida ao limiar, entre o visível e o invisível. Ao explorar o enigma do Cromeleque de Almendres, inventa uma coreografia de emoções em constante mutação, onde os corpos dos intérpretes revelam mistérios há muito adormecidos.

Francisco Thiago Cavalcanti e Francisca Pinto estreiam “Quando eu morrer me enterrem na floresta” onde ficcionam uma natureza primitiva, furiosa, implacável e encantada. Francisco apresenta também a sua primeira peça de grupo, “Também se matam cavalos”, uma peça que questiona a utilidade da arte, um exercício de liberdade como uma manada de cavalos a correr no campo.

A Transborda tem um formato voltado à investigação, à partilha e à qualificação artística. Batucada será realizado com trabalho intensivo durante uma semana de laboratórios conduzidos por Marcelo Evelin, com 40 performers de diversas nacionalidades que vivem em Portugal. Vania Vaneau partilhará as suas prácticas e investigações no laboratório imersivo “O corpo e suas camadas: paisagens internas e externas”. 

O crítico Ruy Filho mediará conversas com artistas e realizará também uma reportagem crítica na revista de artes Antro Positivo. A 3ª edição da Transborda é coorganizada pela Casa da Dança e Núcleo de Artes Performativas de Almada e conta com o apoio da Câmara Municipal de Almada (CMA).

Uma mostra para transbordar fronteiras e accionar dimensões afectivas entre artistas e públicos, activando espaços culturais e teatros da cidade, como campos relacionais voltados ao convívio, à fricção, e à partilha entre pessoas de diferentes contextos culturais e sociais.

A programação completa do Transborda está disponível aqui.

©Ben van Duin / Ai, Ai, Ai de Marcelo Evelin inaugurou o Transborda 2023, no dia 29 de Abril no Auditório Fernando Lopes-Graça
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Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online