Caparica | Investigador da NOVA FCT recebe bolsa ERC de 2 milhões
Projecto X-STREAM de Manuel João Mendes gera hidrogénio através de luz solar
Manuel João Mendes, investigador da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa (FCT NOVA), que tem o seu campus universitário no Monte da Caparica, recebeu financiamento de 2 milhões de euros (ME), atribuído pelo prestigiado European Research Council (ERC) Consolidator Grant. No seu Projecto X-STREAM, desenvolveu uma solução sustentável de produção e captação de energia através de sistemas fotovoltaicos, armazenando-a em hidrogénio de forma mais eficiente.
A bolsa ERC Consolidator Grant parte do programa europeu Horizon Europe, que financia projectos individuais de investigadores de ciência com mais de sete anos de experiência. Esta edição do ERC Consolidator Grant recebeu 2130 candidatos e vai distribuir 627 ME por 308 investigadores, incluindo três investigadores portugueses. Entre os contemplados, está o projecto da NOVA FCT: o X-STREAM, desenvolvido pelo investigador Manuel Mendes.
O projecto “Power-to-X: STREAMing Hydrogen from 3-Band Solar Cells boosted with Photonic Management”, abreviado para “X-STREAM”, traduz-se numa solução sustentável de produção e captação de energia através de sistemas fotovoltaicos. O protótipo X-STREAM pretende armazenar a energia solar através da geração de hidrogénio, de forma mais eficiente, cómoda e adaptável a várias utilizações. O financiamento de 2 ME deve ser aplicado durante cinco anos.
“O hidrogénio é um dos vectores energéticos mais promissores que temos à nossa disposição, com a particularidade que não envolve a emissão de gases nocivos. Existem algumas soluções de produção de hidrogénio através de energia solar, contudo, este projecto apresenta um sistema mais eficiente, práctico e sustentável. A energia é uma das grandes preocupações da comunidade europeia e, esta bolsa vai permitir o desenvolvimento de um protótipo que pode alterar o paradigma na captação de energia solar e produção de hidrogénio através de sistemas fotovoltaicos”, explica Manuel Mendes.
Mais pormenorizadamente, o X-STREAM pode criar uma nova era na captação de energia com base em células solares melhoradas com gestão de luz, com uma integração sem precedentes de duas inovações: um único sistema fotovoltaico de três bandas que explora uma maior faixa espectral solar, com um aumento de 50% de eficiência, próximo do limite máximo de três células em simultâneo; e a combinação de células fotovoltaicas e electroquímicas que fornecem energia em combustível de hidrogénio a partir da divisão da água, permitindo cerca de 30% de eficiência de conversão da energia solar em hidrogénio.
“Os vencedores do Consolidator Grant representam algumas das melhores investigações europeias. É decepcionante que não possamos apoiar todos os projectos merecedores, simplesmente devido às restrições orçamentais. Identificámos cerca de 100 propostas como excelentes que não vão receber financiamento. A Europa pode deixar que este talento não se concretize? Precisamos defender colectivamente um maior investimento na investigação e inovação. O nosso objectivo comum deve ser garantir que nenhuma ideia brilhante fique sem financiamento na Europa e, que nenhuma carreira promissora fique por realizar”, defende Maria Leptin, Presidente do ERC.
Sobre Manuel Mendes:
O professor e investigador Manuel Mendes nasceu em 1982, na cidade de Lisboa. Licenciou-se em Engenharia Física em 2005 pelo Instituto Superior Técnico (IST-UL), completou o mestrado em Física Aplicada pela Rice University (Houston, EUA) e, o doutoramento em Energia Solar Fotovoltaica em 2012, pelo Instituto de Energía Solar (Madrid, Espanha) no tema “Nanofotónica para Fotovoltaico de Multi-Banda”.
Esteve envolvido em 30 projectos científicos (20 nacionais e 10 europeus) em áreas relacionadas com a energia, tendo trabalhado nos EUA (2005-08), Espanha (2008-12), Itália (2012-14) e Portugal (2014-presente). A sua investigação em Portugal tem sido realizada no Centro de Investigação de Materiais | CENIMAT.
Em 2012 e 2014 foi premiado com duas bolsas Marie Curie, no âmbito de investigações sobre a gestão de luz para células solares. Recebeu nove distinções científicas de prestígio, como o 2020 FEMS Communication Award for Excellence in Materials Science & Eng e o Prémio IN3+ 2021 da Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM), o maior prémio nacional para projectos individuais de inovação.
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