Casa da Cidade inaugura exposição “Filhos do Meio – Hip Hop à Margem”

Exposição está patente ao público de 26 de Outubro até final de Março de 2025

“Filhos do Meio – Hip Hop à Margem” é a nova exposição temporária do Museu de Almada – Casa da Cidade, na Cova da Piedade. Com inauguração marcada para 26 de Outubro às 17h, ocupará até final de Março de 2025 os dois pisos da ala dedicada às exposições temporárias do museu.

A exposição, segundo a organização “a maior feita até ao momento em Portugal sobre este tema”, reúne várias peças, fotografias e vídeos que ajudam a contar a história do hip hop português, construída por muitos ao longo de várias gerações. A margem, é a Margem Sul do Tejo, berço deste movimento cultural e musical.

No próximo Sábado, a partir das 15h30, a Casa da Cidade acolhe a música de DJ Fellaz e uma demonstração ao vivo de graffiti com Chase e Klit. Às 16h30 realiza-se uma demonstração de Breaking com os b-boys Mucha & CeeCee, e às 17h a inauguração oficial da exposição. A festa continua a partir das 18h, com concertos de Juana na Rap, do Monte Caparica; Dani G, do Miratejo, e Tom Freakin Soyer, de Almada.

A exposição, integra-se nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, e também assinala as três décadas dos primeiros discos de rap português, todos eles ligados a Almada: “Portukkkal é um Erro”, de General D; “More Than 30 Motherf***s”, dos Da Weasel; e a compilação “Rapública”. Todos eles editados em 1994.

Nos anos 90, Almada foi um dos berços da explosão nacional do hip hop e do breakdance, que mais tarde culminaram no rap, movimentos musicais e culturais de onde saíram bandas, hoje conhecidas nacional e internacionalmente, cuja face mais famosa são os Da Weasel e General D. Quem viveu esses anos, recorda-se das batalhas de dança nos pátios do Centro Comercial M. Bica, dos “tijolos” nas praias da Costa da Caparica que debitavam música em volumes actualmente interditos, das inúmeras bandas de garagem, dos seus ensaios e diversidade de concertos, das rádio piratas, que enriqueceram culturalmente Almada, fazendo hoje parte do seu ADN.

O hip hop, o rap e o breakdance, foram também um grito do movimento anti-racista da população portuguesa racializada, a geração do meio, contra o movimento violento dos skinheads e neo-nazis, muito presente na margem sul e em Almada no final da década de 80 e início da de 90. O hip hop foi uma resposta cultural nascida no seio do Black Power, que se afirmou contra essa violência e brutalidade juvenil, que se vivia então nas ruas e nos liceus do concelho.

A linha condutora da exposição, incide no pós-25 de Abril, porque foi na geração do meio, já nascida em Portugal, e nas suas dinâmicas juvenis que os processos criativos se foram construindo ao longo destes 50 anos, num intercâmbio permanente entre realidades e territórios semelhantes, em espaços que cruzam Almada, a Costa da Caparica, o Monte da Caparica (Monte Kapta) e Miratejo (no Seixal), com outros concelhos da península de Setúbal e da Área Metropolitana de Lisboa.

A exposição compreende núcleos dedicados à história do hip hop em Portugal e em Almada, com ligação à moda, ao breakdance e às rádios piratas; destacando expressões como o graffiti e o rap em português, associando-os à mediatização televisiva, terminando na situação criativa actual, enquadrada num mercado discográfico independente, de streaming e redes sociais.

Um livro disponível para venda acompanha a exposição, com informação detalhada, e o documentário “Filhos do Meio”, realizado por Luís Almeida e produzido por Alexandra Oliveira Matos, será o destaque a 11 de Janeiro, com a sua presença.

Esta exposição de cor, luz e som apresenta o hip hop como parte integrante de formas de expressão juvenil, enraizadas nas margens da cidade de Lisboa, inserindo-o no panorama musical nacional, mas, sobretudo, destacando a sua singularidade almadense, aquilo que de mais local estes “filhos do meio” outorgam desde então, ao panorama musical nacional.

A coordenação criativa da exposição é do radialista, colaborador da Blitz, e também director do Rimas e Batidas, Rui Miguel Abreu; e do rapper e produtor almadense TNT, parte integrante da banda M.A.C., co-responsável pela editora Mano a Mano, também ele grande dinamizador do hip hop almadense. O design é de Chikolaev, da Mano a Mano, e a pesquisa e conteúdos de Ricardo Farinha, autor do livro “Hip Hop Tuga – Quatro Décadas de Rap em Portugal”, e também colaborador em vários órgãos de comunicação social. A exposição tem o apoio da Câmara Municipal de Almada (CMA)

Em simultâneo, a Casa da Cidade recebe um programa complementar, um Sábado por mês, onde a música, a dança e o graffiti, são os grandes pontos de partida para conversas e oficinas dedicados ao tema central da exposição.

Consulte a programação paralela abaixo.

Programa “À Margem”

9 de Novembro (Sábado)

14h30 | Oficina de Breaking 
Aula aberta de Breaking (breakdance) com o formador Mucha
Público geral

16h30 | Conversas à Margem: “Almada como berço de uma cultura”
Convidados: Clay (Nexo), MC Nilton (Lideres da Nova Mensagem) e Kulpado (M.A.C.)
Moderação: Ricardo Farinha
Público geral
Inscrição prévia: museus.comunica@cm-almada.pt 

14 de Dezembro (Sábado)
 

14h30 Oficina de DJing
Aula de DJing com DJ Sahid & DJ Maddruga 
> 12 anos
Inscrição prévia: museus.comunica@cm-almada.pt

16h30 | Conversas à Margem: “Hip Hop e a descolonização de mentalidades”
Convidados: António Brito Guterres, Pedro Adão e Silva e Raquel Palmira
Moderação: Rui Miguel Abreu
Público geral
Inscrição prévia: museus.comunica@cm-almada.pt
 

11 de Janeiro de 2025 (Sábado)

14h30 | Oficina de Produção / Beatmaking 
Aula de produção musical com o formador Darksunn
> 12 anos
Inscrição prévia: museus.comunica@cm-almada.pt

16h30 | Conversas à Margem: “Documentário Filhos do Meio”
Convidados: Alexandra Oliveira Matos, Luis Almeida (Many Takes) e TNT
Moderação: Ricardo Farinha
Público geral
Inscrição prévia: museus.comunica@cm-almada.pt

8 de Fevereiro de 2025 (Sábado)

14h30 | Oficina de Escrita e MCing
Aula de escrita e interpretação com o formador TNT
Público geral
Inscrição prévia: museus.comunica@cm-almada.pt

16h30 | Conversas à Margem: “A ética e o método do hip hop: como é que a mentalidade do hustle se aplica no mercado de trabalho, na indústria, no espírito do it yourself, na ideia de reciclagem através do sampling”
Convidados: painel a confirmar
Público geral
Inscrição prévia: museus.comunica@cm-almada.pt

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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