Governo mobiliza ambulâncias para reforçar urgências em Almada, Leiria e Aveiro

Duas novas ambulâncias reforçam resposta a grávidas na margem Sul a partir de 18 de Julho

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O Governo vai reforçar o Dispositivo Especial de Emergência Pré-Hospitalar (DEEPH) com a deslocação de ambulâncias para os hospitais de Almada, Aveiro e Leiria, como resposta à sobrecarga e encerramentos previstos nas urgências obstétricas durante os meses de Agosto e Setembro. A medida foi discutida na passada Segunda-Feira, 14 de Julho, numa reunião no Ministério da Saúde, com a presença da ministra Ana Paula Martins, da Direcção Executiva do SNS, do INEM, da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) e da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP).

“O dispositivo especial de emergência pré-hospitalar — que é um reforço face aos Postos de Emergência Médica (PEM) — pode ser concentrado na península de Setúbal para garantir o transporte de grávidas com todas as condições de segurança”, afirmou ao jornal Público o presidente da LBP, António Nunes. A proposta passa por deslocar ambulâncias da margem norte do Tejo para os concelhos de Almada, Barreiro e Setúbal, com possibilidade de extensão à região Centro, como Leiria, e ao Norte, nomeadamente Aveiro, onde também têm sido reportadas dificuldades na resposta hospitalar.

Nunes explicou que essa decisão será articulada com o INEM, que possui o histórico das necessidades. Sublinhou, contudo, que o problema não reside na ausência de ambulâncias na Margem Sul, mas sim na simultaneidade dos pedidos de socorro que sobrecarregam os meios disponíveis. O presidente da LBP defende, por isso, um reforço de equipas em número suficiente para evitar atrasos nas respostas às emergências.

Além da redistribuição geográfica dos meios, está também em cima da mesa o posicionamento estratégico de ambulâncias em hospitais com capacidade esgotada ou próxima do limite. Esta estratégia visa evitar situações como a da grávida de risco transferida do Barreiro para Cascais, a mais de uma hora de distância, por falta de vagas nas neonatologias de três unidades hospitalares, e cujo desfecho foi trágico com a morte do bebé.

António Nunes admitiu que esta não é a solução ideal, mas considerou ser o reforço possível até que a situação na Margem Sul estabilize. A ministra da Saúde já reconheceu que essa estabilização não acontecerá antes de setembro, altura em que está prevista a entrada de uma nova equipa de seis médicos obstetras e ginecologistas no Hospital Garcia de Orta, em Almada. Segundo revelou Ana Paula Martins à SIC, estes profissionais desvincularam-se do setor privado para celebrar contratos com o SNS e “reconstruir o serviço de obstetrícia”

Outro ponto crítico abordado na reunião prende-se com a complexidade das comunicações em contexto de emergência. Nunes alertou para a necessidade de agilizar e desmaterializar os procedimentos, que atualmente envolvem até cinco entidades: “A grávida ou familiar liga para o 112, que reencaminha para o CODU, que depois passa à Linha SNS24 Grávida, volta ao CODU e só então acciona os bombeiros”. Esta morosidade pode originar atrasos na definição do hospital de destino e, em casos extremos, a necessidade de redirecionar a ambulância durante o transporte, como já sucedeu com uma grávida levada para Vila Franca de Xira e depois transferida para Coimbra por falta de vagas.

A LBP garante, no entanto, que as tripulações estão preparadas para atuar em emergências durante o transporte e realizar partos dentro da ambulância, ainda que esta solução seja “longe da ideal”. A ministra da Saúde comprometeu-se a trabalhar na melhoria dos processos de comunicação e resposta. Já Diogo Ayres de Campos, presidente da Federação das Sociedades de Obstetrícia e Ginecologia, alertava recentemente que “seria muito importante ter uma solução para o Garcia de Orta no verão”, sublinhando que as populações da península de Setúbal têm sido obrigadas a deslocações desconfortáveis até Lisboa para aceder a cuidados especializados.

Duas novas ambulâncias reforçam resposta a grávidas na margem Sul

Duas novas ambulâncias vão reforçar a resposta das urgências obstétricas na margem sul do Tejo a partir de Sexta-Feira, 18 de Julho, com o objectivo de garantir condições de segurança e rapidez na assistência às grávidas durante o Verão.

O reforço de meios foi anunciado hoje, 17 de Julho, pelo INEM e pela LBP, na sequência da reunião que decorreu com a ministra da saúde na passada Segunda-Feira.

Segundo a LBP, estas duas novas ambulâncias, que serão operadas por bombeiros das corporações da região, vão permitir minimizar eventuais impactos relacionados com a mobilidade das utentes.

Estes meios de socorro, que devem funcionar até 30 de Setembro, vão ficar concentrados nos hospitais da margem Sul com urgências obstétricas encerradas, que funcionam em regime de rotatividade entre os hospitais de Almada, Barreiro e Setúbal, explicou a liga.

“O INEM cria, desta forma, dois novos Postos de Emergência Médica Sazonais, previstos no acordo de cooperação assinado entre esta instituição e a LBP, financiando o seu funcionamento”, adiantou o instituto.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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