HGO cancela cirurgias devido a instrumentos contaminados

A exterilização é feita pelos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH)

A notícia foi avançada pelo canal televisivo NOW, e pela revista Sábado, no dia 14 de Setembro, na rúbrica “Repórter Sábado“, da autoria das jornalistas Ana Leal e Cláudia Rosenbusch.

Segundo a mesma fonte, seriam várias as operações que teriam sido travadas no bloco operatório do Hospital Garcia de Orta (HGO), devido a vestígios de sangue e tecidos humanos nos instrumentos cirúrgicos. A reportagem menciona fotografias que os próprios médicos fizeram dos instrumentos contaminados, e entrevista pacientes cujas operações – algumas urgentes – foram canceladas já depois de estarem anestesiados, e remarcadas para data posterior. A situação foi reportada à administração do HGO pelos profissionais de saúde que se depararam com esta situação.

Em declarações ao Almada Online, fonte do HGO que deseja manter-se anónima, confirma a informação transmitida pelo NOW, “a esterilização de instrumentos nao é um procedimento feito pelo hospital. Em tempos, o hospital teve uma central de esterilização, que foi desactivada, para que se pudesse ampliar o serviço de urgência. Não é de agora que esta função foi externalizada no SUCH [Serviços de Utilização Comum dos Hospitais]. Acontece com os doentes já anestesiados, pois é nessa altura que são abertas as caixas dos instrumentos esterilizados necessários nas operações.”

Esta é uma função que foi centralizada no SUCH por todas as Unidades Locais de Saúde (ULS) do país, e outras entidades que também realizam cirurgias, ou utilizam instrumentos médicos que necessitam esterilização, – sendo o nome técnico reprocessamento – como se pode comprovar pela sua lista de associados.

O SUCH foi fundado em 1966, e é uma associação privada sem fins lucrativos, tutelada pelos Ministérios da Saúde e das Finanças, com estatuto de pessoa colectiva de utilidade pública administrativa, com 3.500 colaboradores. A sua missão é a gestão de actividades que não constituem a função principal dos hospitais, para que estes possam centrar a sua atenção no seu core: a prestação de cuidados de saúde. Assim, o SUCH é responsável por outras funções que não constituem o core dos seus associados, tais como o fornecimento de alimentação, a gestão e tratamento de resíduos hospitalares, ou a gestão de arquivos hospitalares, entre muitas outras. O seu objectivo final é o de contribuir “para o aumento da eficácia e eficiência do sistema de saúde e para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).”, pode ler-se no seu site.

Além disso, o SUCH dispõe na sua estrutura interna de um Conselho Consultivo, do qual fazem parte 11 unidades de saúde, administrações e uls, sendo uma delas a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, I. P., da qual o HGO faz parte.

No Domingo 15 de Setembro, comemoraram-se os 45 anos do SNS, e a ministra da saúde Ana Paula Martins, afirmou em Coimbra, que o Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta está “atento” às contaminações denunciadas que travaram cirurgias, e que haverá um relatório a explicar a situação. Garantiu ainda que o Governo está a “acompanhar” a situação no HGO.

“O Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta está a analisar exactamente aquilo que se passou e o que possa eventualmente ter falhado no sistema de esterilização, mas naturalmente que muito em breve saberemos e, seguramente, que é uma matéria que preocupa todos, mas que será corrigida”, explicou em declarações aos jornalistas, quando questionada sobre o assunto.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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