Inês de Medeiros, um erro de casting

É exactamente o que critica agora que a senhora faz muitas vezes, quando toma decisões e as impõe à revelia do povo e dos deputados municipais, como já tantas vezes aconteceu nos seus mandatos.

Esta pode muito bem ser a frase adequada à carreira de Inês de Medeiros, que ocupa actualmente, por direito e livre escrutínio do povo almadense, o lugar de presidente da Câmara Municipal de Almada, mas que na prática fica a léguas do que era desejado.

Inês de Medeiros descobriu agora um novo brinquedo: a comunicação e a reclamação. A mesma reclamação que não utilizou durante os últimos governos do Partido Socialista. Aparece agora do nada, numa espécie de vídeo ao lusco fusco, com má qualidade de imagem – som nem se fala, ninguém diria que é realizadora! – com um sentido muito calculista de oportunidade, para ficar bem na fotografia – neste caso no vídeo – afim de dizer como os esquecidos: “Olhem, eu estou aqui! Até penso nestas coisas de defender o povo!”

Aparece agora muito indignada e preocupada com o Governo AD, que tem cerca de seis meses, mais especificamente com a sua decisão de substituir a administração da Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal (ULSAS). Que fôlego ganhou agora de repente a presidente da câmara de Almada, que se lembrou de repente que Almada também tem área de saúde. Diz-se surpreendida com essa substituição. Nós é que nos surpreendemos com a sua aparição, ao nível de um filme de suspense.

Acrescenta, que “é inaceitável a forma como isto (a nova nomeação) foi anunciado”; nada mais contraditório, numa pessoa que é campeã em anúncios de decisões feitas em cima do joelho, e de factos consumados sem ouvir ninguém. Termina estes deprimentes minutos de aparição, declarando que “esta não é a forma de lidar com os municípios”, criticando o facto de os autarcas abrangidos pela ULSAS não terem sido ouvidos neste processo.

Mas porque teriam eles de ser ouvidos? Porque haveria um governo AD de a consultar? Acaso Almada é um principado e a sra. a sua princesa? Neste governo já não estão os seus amigos, as suas rosas. Que se saiba a lei ainda não foi alterada, e é o governo central quem administra os hospitais. Foi rídicula Sra. Presidente. Envergonhou-nos a todos em Almada.

Há um sábio ditado popular que diz: “provar do seu próprio veneno”, já ouviu falar Sra. Presidente? É exactamente o que critica agora que a senhora faz muitas vezes, quando toma decisões e as impõe à revelia do povo e dos deputados municipais, como já tantas vezes aconteceu nos seus mandatos! Tantas vezes, que depois é obrigada a passar a vergonha de ter de recuar, demonstrando que não governa, nem gere a autarquia a pensar no bem-estar dos municípes. Veja-se o exemplo da implementação desastrosa inicial da Carris Metropolitana, onde a senhora e o seu executivo têm culpas inequívocas, uma incompetência que prejudicou milhares de almadenses. 

Ainda na saúde, nunca vimos a indignação de Inês de Medeiros, para com os governos socialistas de António Costa, com a eterna espera do novo centro de saúde do Feijó. Nunca vimos a sua preocupação pública com a falta de médicos de família, de profissionais da saúde no Hospital Garcia de Orta, ou com a luta dos enfermeiros. Neste caso actual, já soube criticar a estratégia do Governo por falta de planeamento, com poucas ou nenhumas respostas concretas da sua parte para que se resolvam os problemas dos munícipes. Se isto não fosse trágico, era comédia da boa!

Senhora Presidente, fala em falta de planeamento, sabe por acaso porque os médicos de família não chegam para todos? Porque os governos socialistas, que a senhora tanto gostava, prometeram que até 2017, todos teriam médicos de família e não o cumpriram, por exemplo. Que planeamento tinha a ex-ministra da saúde Marta Temido? O plano era tão eficaz, que certamente não foi compreendido pelo povo, e a consequência foi a sua demissão.

O INEM, a lista de espera para consultas, a lista de espera para cirurgias, as grávidas, as mortes à porta ou a caminho dos hospitais, as ambulâncias retidas às portas dos hospitais, os centros de saúde inexistentes ou degradados, o novo hospital do Seixal prometido sempre em campanha eleitoral, etc, etc, etc.

Onde esteve a sua indignação, quando a ex-ministra Marta Temido teve o descaramento, a falta de bom senso e vergonha, de apelidar os enfermeiros de criminosos? Onde esteve a sua indignação quando Marta Temido proferiu a frase tão vergonhosa de “enterrar os mortos e tratar dos vivos, embora não seja feliz a expressão, mas muitas das coisas que acontecem na vida do nosso Serviço Nacional de Saúde não são felizes”? Onde esteve a sua indignação, quando Marta Temido afirmou que os médicos eram pouco resilientes? Onde esteve a sua indignação, quando Marta Temido andou a ligar a diretores de serviço de diversos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, sugerindo que cancelassem as férias de alguns profissionais da saúde, de forma a assegurar e cumprir as escalas? 

Senhora presidente, não envergonhe ainda mais os almadenses. 

Chegamos à conclusão que a senhora simplesmente não pensa, ou se pensa, pensa muito mal, pois denota ao longo dos seus mandatos uma gritante impreparação, desconhecimento e negligência, relativamente ao que é a realidade do concelho de Almada. 

Com certeza, já a tentar salvar-se do desastroso resultado autárquico, que porventura terá nas eleições autárquicas do próximo ano, vai agora aparecer ainda mais, seja num vídeo gravado à pressa no telemóvel, parecendo os vídeos e directos amadores que se encontram nos grupos locais das redes sociais, onde reina a presunção, e onde muito se fala mas nada se diz por ausência de capacidade intelectual. Também poderá surgir em produções profissionais cheias de cor, de transições, de trilhas sonoras comoventes que fazem chorar as pedras da calçada de tanta emoção, com muitos beijinhos, rosas, e abraços em slowmotion, e bonitos close up´s, transbordando uma emoção fingida e teatral, com a finalidade de conseguir mais quatro anos de estagnação no concelho, que cai de ano para ano no ranking da Bloom Consulting. 

Senhora presidente, pode fazer tudo isso, até porque em Democracia, tem esse direito. Mas nós também temos o direito de lhe fazer ver que está errada, que vai pelo caminho errado, que Almada não quererá de novo vossa excelência a gerir o destino dos almadenses.

Pode existir como pessoa, mas está muito longe de existir como política respeitada, como presidente de câmara que deixa obra que fica nos anais da história almadense, tendo-se tornado apenas no maior erro de casting do poder local democrático em Almada 

António Pedro Maco

Deputado Municipal eleito pelo CDS-PP na Assembleia Municipal de Almada

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