Laranjeiro e Feijó | Enterro do Bacalhau
O cortejo do Enterro do Bacalhau começa às 10h de dia 25 de Fevereiro e, percorre ruas do Laranjeiro e Feijó. Esta é uma tradição pagã que ainda se mantém no concelho de Almada
A Junta de Freguesia do Laranjeiro e Feijó (JFLF) celebra no dia 25 de Fevereiro, a partir das 10h, o Enterro do Bacalhau.
O cortejo tem início na Associação de Reformados Pensionistas e Idosos do Laranjeiro (ARPILF) na Rua D. Duarte, segue pela Avenida 23 de Julho, Praça Lopes-Graça, Rua Borges do Rego, Rua João Villaret, Mercado do Feijó, Rua Dr. António Elvas, Centro Comercial Laranjeiro Shopping e, termina na Praça da Portela.
Esta é uma tradição pagã que remonta ao século XVI e, que foi criada durante o movimento da contra-reforma. O Concílio de Trento, que conferiu à Igreja Católica o poder centralizado e o autoritarismo que possuía antes da Reforma de Lutero e Calvino, levou a que a nova Inquisição combatesse em força as chamadas heresias. Esta Igreja, que proibia o consumo total da carne durante a Quaresma, abria um precedente a todos aqueles que comprassem a bula. Este indulto só servia os mais abastados, que o podiam pagar, enquanto os desfavorecidos, a grande maioria, teriam de se socorrer do peixe na sua alimentação, durante as sete semanas da Quaresma. O peixe mais acessível era o bacalhau. O povo revoltou-se contra esta determinação, mas teve de se resignar, não sem que antes criasse esta festividade pagã, como sentimento de revolta pela sua impotência.
O bacalhau implantou-se nos lares dos pobres desta forma, sendo o seu salvador. Cozinhado de mil maneiras diferentes, ele foi absoluto durante o período da Quaresma findo o qual o tribunal fantoche dos filhos o julgou e o condenou à morte, por inveja da sua popularidade. O advogado de acusação, o traidor “Filho da Maria Malvada”, cujas origens eram de um mero filho do povo, fundamentou o seu ataque no facto de, durante o período de abstinência, só lhe ter calhado do mal-cheiroso, do escamudo, do mal-curtido, do rabo e asa, etc. Esta traição enraiveceu uma vez mais toda a gente simples que, durante o cortejo, pede a sua cabeça, para que se faça justiça ao bacalhau.
O “Enterro do Bacalhau” é um cortejo onde todos os participantes se vestem a rigor: “Bispo”, “Padres”,”Freiras”, “Carpideiras”, “Homens das Lanternas”, “Urna do Bacalhau” e até o “Coveiro”. Os três principais sermões são a “Vida e Morte do Bacalhau”, “Testamento do Bacalhau” e as “Exéquias do Bacalhau” que, formam as quadras contadas . Ao longo do “funeral”, são contados vários episódios da vida atribulada do defunto.
O Junta de freguesia do Laranjeiro e Feijó continua a manter esta tradição, que também simboliza o fim do período de Carnaval no Sábado de Aleluia.
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