PS Almada retira confiança política ao executivo da Junta da Costa da Caparica

A Comissão Política Concelhia do PS Almada retirou a confiança política a todo o executivo da Junta de Freguesia da Costa de Caparica, em decisão tomada através de voto secreto em reunião realizada na Sexta-Feira, dia 21 de Julho. O resultado reuniu a unanimidade de todos os membros da concelhia e foi comunicado por mail aos militantes do PS. José Ricardo Martins, presidente da Junta caparicana, mantém-se na presidência e, tenciona concluir o seu terceiro mandato, agora como independente.

A decisão da concelhia presidida por Ivan Gonçalves, vem na sequência de informação prestada pelo próprio presidente da Junta, em Assembleia de Freguesia de 30 de Junho, como avançou em exclusivo o Almada Online a 3 de Julho. Nessa reunião, José Ricardo Martins informou que as 58 transferências bancárias de uma das contas da Juntas para a sua conta pessoal, realizadas num período de seis meses e que prefaziam um total de quase 35 mil euros, diziam respeito a “um adiantamento de vencimentos a titulares de orgãos de autarquia, que do meu ponto de vista e, do ponto de vista de alguns advogados, não constitui qualquer ilegalidade no sector público e são como sabemos, práctica corrente no sector privado. Por se tratar de adiantamentos, já parcialmente compensados com o não recebimento dos meus vencimentos actuais, são neutros do ponto de vista do erário público e não se traduzem em qualquer prejuízo para a Freguesia.” Sobre o motivo de tais transferências José Ricardo afirmou ao Almada Online que “nada foi para uso pessoal, sim pedi adiantamento de ordenados e tenho estado a repor com os ordenados na totalidade. Não é um assunto familiar nem pessoal e, no local próprio responderei às perguntas. Foi um factor humanitário. Se calhar pensei mais com o coração que com a cabeça, mas foi um acto que na altura achei que devia fazer.” esclareceu na altura.

No mail enviado aos militantes do PS no dia 21 de Julho, ao qual o Almada Online teve acesso, a concelhia do mesmo partido afirma que estes adiantamentos são evidência da “realização de transferências financeiras sem a devida autorização do órgão executivo da freguesia e sem cumprimento dos procedimentos inerentes a este tipo de actos”. Acrescenta ainda que “os factos conhecidos são incompatíveis com os princípios de rigor e transparência na gestão de dinheiros públicos que são defendidos pelo Partido Socialista”, daí ter decido “retirar a confiança política ao executivo da Junta de Freguesia da Costa de Caparica”.

Hoje, dia 24 de Julho o Almada Online voltou a contactar José Ricardo Martins, que confirmou tencionar continuar à frente da Junta da Costa da Caparica, agora como independente. “O apoio do partido não é o essencial. Os impactos da falta de confiança política são poucos ou nenhuns. A gestão da Junta requer o executivo não requer o partido. Não sei o que os outros membros da Junta vão fazer.”

Neste momento, “faltam saldar cerca de 17 mil euros. O único a ser prejudicado sou eu, que estou sem ordenados, mas foi uma opção minha.” Em relação ao tesoureiro João Quintino, que autorizou todas as transferências bancárias, João Ricardo é peremptório, “o João Quintino está comigo, por enquanto não se vai demitir. Queremos levar o nosso compromisso com a Costa da Caparica até ao fim.”

José Ricardo esclareceu ainda que na Junta “continuamos a ter os nossos poderes. No dia-a-dia dos caparicanos nada vai mudar. Obviamente que as dificuldades são aumentadas a nível de Assembleias, mas não é fundamental ser de algum partido.”

A decisão do PS “foi-me comunicada por mail. Recebi a notícia com tristeza, tenho três décadas de PS, as coisas podiam ter sido feitas de outra forma. Já fui julgado em praça pública sem ter sido julgado. O facto de exporem a situação veio reforçar essa ideia na cabeça das pessoas. Eu não tenho essa máxima à justiça o que é da justiça, à política o que é da política. Isto foi mal gerido pelo partido.”, acrescentou ainda José Ricardo.

O presidente dos caparicanos refere também que “faltam 2 anos e 2 meses para acabar o meu mandato. O mais fácil seria eu demitir-me, mas se a saúde me permitir não o vou fazer e irei continuar. Não avaliei ainda muito bem a situação de sair do partido, ainda a estou a digerir a retirada de confiança. Não deixarei de defender os meus ideais aqui ou noutro sítio qualquer, sempre o fiz desde muito cedo. Não deixarei nunca sendo presidente de Junta de lutar pelo bem estar da população da Costa da Caparica, seja em que área for. Por enquanto estou a pensar o que vou fazer em relação ao partido.” 

José Ricardo termina declarando que “a preocupação de qualquer autarca e dos partidos pelos quais se candidatam devia ser sempre a população e é principalmente por ela, que se a saúde me permitir, irei continuar. As dificuldades serão maiores não a nível de partido, mas a nível de gestão interna, mas não vou deixar que a população saia prejudicada por causa de uma deliberação do partido. A Costa da Caparica necessita mesmo muito de várias situações pelas quais me tenho batido ao longos dos anos e, a partir de agora ainda vou ser mais firme com a Câmara Municipal de Almada sobre elas.”

Relativamente ao futuro da Junta de Freguesia, na opinião de José Ricardo “existem dois caminhos. Se o restante executivo quiser continuar a decidir as coisas com benifícios para a população há condições de levarmos o mandato até ao fim. Se não quiserem continuar, ainda há a hipótese remota da formação de outro executivo em Assembleia de Junta. A minha grande preocupação será sempre a população. Se a junta cair o que vai acontecer? Vamos para eleições intercalares? Também não sei.”

O Almada Online contactou também João Quintino, o tesoureiro da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, que autorizou todas as transferências efectuadas por José Ricardo. João Quintino disse “não querer prestar declarações. Agora é um momento de reflexão.”

Tentámos ainda contactar o presidente da concelhia do PS Almada, Ivan Gonçalves, sem sucesso até à publicação desta notícia.

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