Quinzena de Dança marca a rentrée cultural de Almada

A 31ª Quinzena de Dança de Almada decorre de 21 de Setembro a 8 de Outubro e, apresenta obras de artistas de 25 países em diversos espaços culturais da cidade

De 21 de Setembro a 8 de Outubro de 2023, a Quinzena de Dança de Almada – International Dance Festival realiza a sua 31.ª edição, em diversos espaços culturais de Almada. Do programa deste ano fazem parte, para além dos espectáculos, várias actividades em torno da dança contemporânea, no evento internacional que marca a rentrée cultural da cidade de Almada.

A abrir o programa, entre 21 e 23 de Setembro, a Plataforma Coreográfica Internacional, apresenta uma intensa grelha de espectáculos, videodança, workshops, mesa-redonda e, encontros entre artistas participantes e programadores culturais, com diferentes abordagens, tendências e influências. Os eventos decorrem no Auditório Fernando Lopes-Graça, Teatro-Estúdio António Assunção, Auditório Osvaldo Azinheira e, pela primeira vez, no Salão das Carochas, o emblemático edifício situado no Largo Conde Ferreira, em Almada.

A programação do festival prossegue nas duas semanas seguintes com a apresentação do espectáculo “Ramanenjana”, pela companhia romena Tangaj Collective, e o espectáculo para famílias “Sons MentirososMisteriosos”, pela dupla portuguesa Sofia Dias & Vítor Roriz, ambos no Auditório Fernando Lopes-Graça, a estreia da nova criação da Companhia de Dança de Almada (Ca.DA), “ShortCut”, no Teatro Municipal Joaquim Benite, e a apresentação do espectáculo “L.E.V.E.”, pela companhia espanhola Siberia Danza, no Auditório Osvaldo Azinheira – Academia Almadense.

Em “Ramanenjana”, a coreógrafa e cineasta romena Simona Deaconescu e a bailarina malgaxe Gaby Saranouffi criaram uma performance de docuficção, sobre uma dança que fez história em Madagáscar. Este espectáculo, premiado pelo Forecast Berlin, conta a história do fenómeno de massa enraizado num ritual sagrado, que historiadores e cientistas têm rotulado como “epidemia de dança”.

Sofia Dias & Vitor Roriz, partem à procura da qualidade mágica que emerge da fricção entre som e imagem. Em “Sons MentirososMisteriosos”, questionam se uma imagem enganar a nossa percepção sobre a proveniência de um som? Ou um som mentir-nos sobre a sua origem? Este é um espectáculo para escolas e famílias que, tal como as crianças, não tem problemas em saltar de uma coisa para a outra, nem de colocar questões simultaneamente metafísicas, ontológicas, estéticas, banais e, quase sempre, imprevisíveis. 

A influência literária para “ShortCut”, provém da voz do escritor Gonçalo M. Tavares em cada história contada no livro “Short Movies”. Inês Pedruco e Rafael Barreto salientam que, ao estabelecer um diálogo artístico que funde a imagem literária e a imagem poética da dança, relaciona-se a literatura e a dança, a criação e o processo coreográfico e, desta fusão nasce o objecto coreográfico.

“L.E.V.E. oferece uma experiência estética que encanta e reavalia a maneira como os nossos sentidos percepcionam a realidade que nos envolve. Através da convergência entre movimento, som, iluminação e figurinos, cria-se uma nova e cativante vivência sensorial. Partindo da noção de leveza e suas contradições, explora o instável e o transitório no que concerne ao nosso corpo e às interacções que estabelecemos. Os impactos da globalização, do neoliberalismo e do hiperindividualismo conduziram a uma sociedade obcecada pela instantaneidade, pela disponibilidade, pela novidade, pelas aparências, pela obsolescência dos bens e pelo consumo do que é efêmero, ágil e prontamente intercambiável. Neste contexto, onde se posiciona o corpo? E a dança? A coreografia? Como enfrentar o peso dos corpos, o suor, a coreografia e a repetição?

Os filmes de dança terão também um importante espaço de apresentação, com dois programas propostos: “Un(Safe) Zones”, com curadoria de Simona Deaconescu (Roménia), apresentado em parceria com o BIDFF – Bucharest International Dance Film Festival, no Auditório Fernando Lopes-Graça; e “Cisnografia – a reescrita do cisne”, uma ideia de Luiz Antunes (Portugal), em parceria com o MNAA – Museu Nacional de Arte Antiga, apresentado no Museu de Almada – Casa da Cidade.

A encerrar a edição, o coreógrafo italiano Brian Scalini estará em Almada para uma residência artística com os alunos da Ca.DA Escola e a remontar a sua criação “Wuthering Days”, com os bailarinos da Companhia de Dança de Almada, cuja apresentação fecha o festival, no palco do Auditório Osvaldo Azinheira – Academia Almadense.

Com a apresentação de obras de artistas representantes de 25 países e a dinamização de vários eventos à volta da dança contemporânea, a 31.ª Quinzena de Dança de Almada estende-se ainda à Escola Superior de Dança (ESD) e à Faculdade de Motricidade Humana (FMH), com programas específicos para estas comunidades escolares.

A programação completa e mais informações sobre locais de apresentação, horários e preços estão disponíveis no site oficial do festival.

A Organização da Quinzena de Dança de Almada – International Dance Festival está a cabo Companhia de Dança de Almada e, conta com o apoio da Câmara Municipal de Almada (CMA), República Portuguesa | Ministério da Cultura , Direção-Geral das Artes (DGA), Embaixada de Espanha em Portugal | AECID (Agência Espanhola de Cooperação Internacional ) e, da Embaixada de Israel em Portugal.

Os bilhetes podem ser adquiridos nas bilheteiras físicas de cada local de apresentação, a partir do início de Setembro, excepto no Auditório Osvaldo Azinheira – Academia Almadense. A programação de entrada livre em espaços fechados está sujeita à lotação dos espaços.

Um pouco de História

A Quinzena de Dança de Almada – International Dance Festival realiza-se anualmente e sem interrupção desde 1992, oferecendo ao público um conjunto de actividades bem representativas da dança nacional e internacional, constituindo-se como um espaço de partilha, dedicado à apresentação e promoção da Dança Contemporânea.

Com um espírito sempre aberto a novos desafios, o festival desenvolve uma política de inclusão, com abertura a diferentes tipos de performance, e apoiando novos criadores, a par de iniciativas com vista a divulgar a apreciação e a práctica da Dança junto de diversos públicos, numa perspectiva de interacção activa com a comunidade.

Criado e organizado pela Companhia de Dança de Almada, este festival oferece não apenas espectáculos, mas também outras actividades relacionadas com a Dança, como workshops, encontros, acções de formação e partilha, exposições, performances digitais ou videodança. As apresentações decorrem em espaços formais ou informais, estabelecendo a possibilidade de diálogo com a arquitectura urbana e com o público. 

Incluída no festival, a Plataforma Coreográfica Internacional abre o evento à participação de companhias e criadores independentes de Dança Contemporânea de todo o mundo, tornando-se num importante ponto de encontro para coreógrafos, bailarinos e programadores, aberto ao intercâmbio e promoção internacional. 

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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