Cirurgias programadas suspensas no HGO para responder a casos de gripe
Unidade hospitalar activou o segundo nível do plano de contingência hospitalar
A Unidade Local de Saúde Almada – Seixal (ULSAS), encontra-se com a actividade cirúrgica programada não urgente do Hospital Garcia de Orta (HGO) suspensa desde dia 8 de Janeiro, avança hoje o DN. A medida visa prevenir a sobrelotação nas enfermarias, sobrecarga nas equipas médicas, e pressão nos serviços de urgência, devido à grande afluência de utentes com sintomas de doença grave ou infecções respiratórias agudas, fruto da época gripal que o país atravessa.
Nesse dia, os doentes com pulseira amarela tiveram de esperar mais de nove horas para serem atendidos, tendo o HGO sido a unidade hospitalar onde o tempo de espera foi a mais elevada no país. Este tempo de espera não está em linha com o recomendado pelo SNS, que prevê que um doente urgente não deve aguardar mais de uma hora para ser atendido, daí ter sido activada esta medida.
Este é o segundo nível do plano de contingência que visa dar resposta à procura elevada nas urgências devido às infecções respiratórias agudas: com esta suspensão, ficam disponibilizadas mais camas para internamento e mais médicos para reforçar as escalas. É uma das orientações da Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DRE-SNS), que consta nos planos de saúde sazonal e de contingência.
Em declarações ao DN, Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), disse que esta é “a única solução”. “A alternativa seria dar pior resposta aos doentes agudos em urgência, o que também tem custos, à partida logo para quem espera”, apontou o administrador, lembrando que a suspensão da actividade não urgente “está prevista em todos os planos de contingência” e que “só é activada em situações de elevada procura, designadamente quando é necessário disponibilizar mais camas para doentes agudos e/ou redireccionar recursos para a urgência”.
“Nas últimas semanas, foi necessário o aumento do número de camas – duas por serviço hospitalar, de modo a aliviar a pressão sobre o Serviço de Urgência Geral (SUG)”, explicou fonte da ULSAS, salientando que o “elevado número de doentes internados com alta clínica (casos sociais [pessoas com alta clínica que não têm para onde ir] e/ou a aguardar resposta da rede de cuidados continuados) tem vindo a aumentar, o que continua a causar enorme pressão na urgência”.
A ULS do Algarve (ULSA), que engloba os hospitais de Faro, Portimão e Lagos, também suspendeu a actividade cirúrgica programada não urgente até novas ordens, para ter mais camas e médicos disponíveis para os casos de infecções respiratórias, criando mais 51 camas de internamento, nos seus hospitais e centros de saúde.
No último domingo, numa entrevista ao JN/TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos (OM) disse que os planos de contingência das unidades locais de saúde, os planos estratégicos e as linhas telefónicas não estão a resultar. Sobre os longos tempos de espera nas urgências, Carlos Cortes manifestou preocupação por estarmos “a entrar num período de profunda desumanização do SNS”.
Na passada Terça-Feira, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, recusou a ideia de que o plano de Inverno para o SNS esteja a falhar. “Não posso reconhecer de maneira nenhuma que o plano de Inverno esteja a falhar”, disse, e garantiu que os níveis de contingência são “muito claros” e “têm sido respeitados”. No entanto, Ana Paula Martins assumiu preocupação com alguns hospitais, “três ou quatro”, sobretudo em Lisboa e Vale do Tejo, cujos tempos de espera estão “muito acima do recomendado do ponto de vista clínico e humano”.
Os especialistas dizem que, com o aumento do número de casos de gripe que ainda são esperados, a situação poderá piorar.
A sobrecarga do SNS é um problema estrutural que parece de difícil resolução. Ana Paula Martins garante que vai apresentar soluções.
afluência elevada, APAH, Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, cirurgias programadas, doença grave, DRE-SNS, enfermarias, época gripal, equipas médicas, escalas médicas, falta de médicos, Gripe Sazonal, HGO, Hospital Garcia de Orta, infecções respiratórias, Médicos, Plano de Contingência, Plano de Saúde Sazonal, Pragal, pressão, procura elevada, reforço, Saúde, Serviço de Urgência Geral, serviço hospitalar, Serviço Nacional de Saúde, Serviços de Urgências, SNS, sobrecarga, sobrelotação, substituição de camas de internamento, SUG, suspensão, tempos de espera, ULSAS, Unidade Local de Saúde Almada-Seixal, Urgências