Costa da Caparica | “A semente do homem” inicia ciclo de cinema dedicado a Marco Ferreri

Em exibição a 6 de Novembro às 20h30, no Auditório Costa da Caparica

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O Cineclube Impala, organizado pela Associação Gandaia, leva ao ecrã do Auditório Costa da Caparica, o filme “A semente do homem” do cineasta Marco Ferreri, iniciando um ciclo de cinema dedicado a este realizador italiano, que irá decorrer durante o mês de Novembro. “Contos da Loucura Normal” no dia 13, “Não toques na mulher branca” a 20 e “Refúgio das crianças” a 27, são os filmes que serão exibidos nas próximas semanas, sempre às Quinta-Feiras pelas 20h30.

O filme retrata um futuro da humanidade, onde uma praga devastadora, que não é identificada, eliminou quase toda a população da Terra. Um jovem casal, Cino e Dora, refugia-se numa casa junto ao mar, transformando-a numa cápsula de civilização, um museu doméstico de relíquias do mundo que desapareceu, que Cino recolhe. Dora reluta em engravidar, enquanto Cino sente que o seu dever humano é “semeare” a vida, ter muitas crianças, pois quer que a humanidade ressurja e continue. A chegada de forasteiros, uma lógica de reprodução decretada e a tensão entre libertação e obrigação, vão criar um clima surreal. Num mundo pós-apocalíptico, este filme futurista é uma reflexão sobre a existência e o destino da humanidade.

É um dos momentos mais extremos e visionários de Ferreri, pois combina niilismo, sátira e reflexão filosófica. O absurdo, a necessidade humana de criar significado, a relação tensa entre a humanidade e mundo são os temas centrais do filme.

Marco Ferreri (1928-1997) estudou veterinária e trabalhou como jornalista. Iniciou-se no cinema com documentários e publicidade, foi director de produção e começou a carreira em Espanha, fazendo filmes para o humorista Rafael Azcona, todos marcados pelo humor negro, pela crítica feroz aos mitos sociais contemporâneos e pelo desencanto que observava nas relações humanas. Ferreri sempre foi contra as regras pré-estabelecidas da sociedade e o seu cinema de autor é uma mistura de realismo com varias metáforas, concentrando-se em temas como a destruição, a negação e a morte. Tem um estilo próprio do cinema de autor que também carrega vitalidade e mostra no cinema, de forma muito inteligente, o estado de crise do homem contemporâneo de forma alegórica. Com Pier Paulo Pasolini (1922–1975), foi um dos principais nomes do cinema italiano da sua geração, diferente dos seus contemporâneos italianos, católicos e marxistas, descrevia-se como um “anarquista cômico”. Para si, o cinema era um lugar onde a sociedade poderia esquecer as suas divisões, e pretendia que os seus filmes atraíssem um público de massas, e não uma pequena elite de cineastas de arte. Os seus filmes espelham a confrontação do homem com a absurdidade da existência, utilizando o cinema e uma apurada escassez de meios, como forma de expressão. Estas serão características que irão marcar todos os seus filmes.

©DR / A baleia, foi também ela vítima da “praga” que nunca é nomeada.

Ficha Técnica:

Título original: Il seme dell’uomo
Realização: Marco Ferreri
Argumento: Marco Ferreri, Sergio Bazzini
Produção:
Elenco: Anne Wiazemsky, Marzio Margine, Rada Rassimov, Maria Teresa Piaggio, Milvia Deanna Frosini, Angela Pagano, Annie Girardot
Fotografia: Mario Vulpiani
Música: Teo Usuelli
Edição: Enzo Micarelli
Género: Drama
Origem: Itália
Ano: 1969
Duração: 113 min.
Classificação: M/16

1€ sócios | 2€ geral

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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