Costa da Caparica | Workshop Peixinhos na Horta

Aprenda a fazer um estendal com cavalas em salmoura, fotografe, imprima e faça uma fanzine.

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No Sábado 28 de Junho, das 11h às 16h, decorre no Contentor da Ensaios e Diálogos Associação (E-DA) localizado na Rua José Bio, junto ao Grupo Desportivo Terras da Costa (GDTC), no Agroparque Terras da Costa e do Mar (ATCM), na Costa da Caparica, um workshop entitulado “Peixinhos na Horta”. A dinamização do mesmo está a cargo das artistas Leonor Carpinteiro e Lia Ferreira, em parceria com a E-DA

O ponto de partida é a práctica local da pesca da cavala, e o desenvolvimento de um conjunto de actividades participativas, focadas nas áreas da criação e experimentação artísticas e gastronómicas.

Para além das oficinas abertas ao público em geral, será desenvolvido um processo de investigação através do contacto directo com pescadores, recolha de fotografias de arquivo e documentação fotográfica desta práctica actual.

O resultado final deste processo participativo, será a criação de uma publicação independente (fanzine) dedicada à pesca da cavala caparicana.

As técnicas que irão ser exploradas são variadas, como por exemplo a gastronomia, através secagem de cavala e construção do seu suporte de secagem (estendal); a fotografia alternativa, através da criação de lumens a partir do ecosistema marítimo; a impressão suminagashi (impressões suspensas em água) ou a gravura, com a criação de postais através de recolha de texturas com plasticina.

A primeira actividade do dia “Peixinhos na horta”, será dedicada à secagem de peixe, à fotografia alternativa e aos pés na água. Segue-se uma demonstração da técnica de secagem de cavala com salmoura e construção de um estendal onde o peixe seca. Ao longo do dia os peixes secarão ao sol na horta, podendo ser degustados no final da actividade. Também será feita a experimentação com a técnica de fotografia alternativa lumen, a técnica de impressão suminagashi com água do mar e diversos materiais e objectos recolhidos na praia, ou utilizados na práctica deste tipo de pesca. Os resultados destas experiências gráficas poderão vir a integrar uma fanzine.

À hora do almoço realiza-se uma mesa comunitária com petiscos.

Para se inscrever neste interessante e criativo workshop tem de enviar um e-mail para terramar.atividades@e-da.pt

A pesca da cavala na Costa da Caparica

A pesca da cavala na Costa da Caparica é uma actividade popular, de pesca tradicional. Alguns pontos de pesca recomendados incluem o pontão da Costa da Caparica (pesca desportiva à linha), as praias da Mata, da Rainha, da Saúde, do Rei, da Sereia e do Dragão Vermelho, com a Arte Xávega.

Na Costa da Caparica esta é uma pesca artesanal, de cerco, que utiliza técnicas tradicionais e artes de pesca como malhas e redes, realizada sobretudo em embarcações de pequena dimensão, junto à costa. É uma pesca sazonal, com maior intensidade entre Março e Outubro, embora algumas companhas (grupos de pescadores que constituem a tripulaççao de um barco) a pratiquem durante todo o ano.

A Arte Xávega é um tipo de pesca ancestral, practicado entre a Costa de Caparica e a Fonte da Telha desde o século XVIII. Com origem na zona centro do país, aquando da erosão natural da ria de Aveiro, e por via das migrações forçadas da população, esta técnica acabaria por enraizar-se na margem sul do Tejo.

Entre a Trafaria e a Fonte da Telha, várias comunidades piscatórias deram forma a esta arte de pesca de cerco colectiva, que se mantém até hoje, preservando uma tradição passada de geração em geração. Os barcos saveiros meia-lua só na década de 70 deram lugar aos barcos a motor, e até meados dos anos 90 as redes eram puxadas à mão, sendo actualmente puxadas por tractor.

A cavala é uma das espécies mais capturadas na região, juntamente com o carapau e a sardinha. A sua pesca, como parte integrante da pesca artesanal da Xávega, tem um impacto significativo nas comunidades locais, tanto económica quanto socialmente, devido ao seu papel na economia e na manutenção de tradições. 

No ano de 2024, a pesca da cavala na Costa da Caparica gerou 22 milhões de euros, segundo declarações do presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, José Ricardo, na Assembleia Municipal de Almada, dia 26 de Junho. A cavala é sobretudo exportada para países com aquicultura de atum como a Austrália, Japão, México e países do Mediterrâneo como Itália, Espanha, Croácia, Malta e Turquia, onde serve de alimentação. A aquicultura de atum, embora ainda em desenvolvimento, tem um potencial significativo para complementar a pesca e reduzir a pressão sobre as populações selvagens. 

A cavala, também é exportada para outros mercados, com destaque para a Tailândia, onde é processada e posteriormente exportada para a Europa e para os Estados Unidos. A cavala de pequeno porte é também utilizada para produção de enlatados, em países como a Coreia do Sul e a Nova Zelândia, sendo depois parcialmente exportada para o Japão.

O historial e as características peculiares Arte Xávega caparicana, fizeram com que fosse classificada como Património Cultural Imaterial Nacional em 2017.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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