Kampus expõe no hangar Terminal do Transpraia

A curadoria está a cabo da Underdogs Gallery

De 18 a 20 de Outubro, o icónico hangar Terminal do Transpraia localizado na Praia da Riviera, na Costa da Caparica, acolhe a exposição “By the Sea”, a segunda a solo do street artist luso-brasileiro Kampus, com curadoria da Underdogs Gallery. A entrada é livre.

A exposição temporária consiste em 25 peças únicas, suspensas entre o cais e o comboio, inspiradas nas viagens do Transpraia, influenciadas por elementos como a água e a areia, celebrando a paisagem e a natureza, e momentos que Kampus viveu durante o seu percurso. Esta é uma mostra de arte urbana pop-up que se assume como um “prolongamento das férias, com tudo o que têm de leve, simples e efémero, sem delapidar o que as paisagens de Verão têm de mais absurdo: vemos personagens alienadas, adivinhamos formas exageradas e paisagens inquietantes”.

Pode-se também esperar imperfeição intencional, que remete para os desenhos infantis, que conjuntamente com o posicionamento das obras, deverá envolver o espectador num imaginário infantil de brincadeira e jogos de verão. A exposição inaugura o espaço do hangar enquanto “centro artístico e de difusão cultural”, sendo que é a primeira vez que a Underdogs realiza uma exposição na Costa da Caparica

Kampus descobriu a sua identidade artística durante a adolescência, quando começou a rabiscar formas engraçadas nas paredes da escola. O artista é facilmente identificado pela personagem Sausage, as suas figuras em forma de salsicha, que mascaram as críticas sociais com humor, divertimento e leveza. As salsichas que o artista pinta não são a representação de algo alegre, como transmitem à primeira vista. Em vez disso, representam a imposição social a que cada pessoa se submete, como salsichas num frasco, ou saídas de uma fábrica, obrigadas a seguir normas e expectativas, uniformizadas, padronizadas, sem questionar nem pôr em causa o porquê dessas directrizes silenciosamente aplicadas de geração em geração, aceites acriticamente.

©DR / Inauguração do Transpraia a 24 de Junho de 1960.

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Este ano, o comboio Transpraia, que durante sessenta anos (1960-2020) ligou as praias da Costa da Caparica à Fonte da Telha num trajecto com cerca de nove quilómetros, foi adquirido por cerca de um milhão de euros pelo investidor francês Gregory Bernard, que espera que este possa regressar ao activo em 2025. Enquanto essa data não chega, a ideia é fazer com que o hangar que lhe serve de terminal seja o “novo pólo cultural da região”.

O novo proprietário quer fazer desta estrutura um pólo cultural, local de exposições e residências artísticas. “Quis apoiar as comunidades locais, dando poder aos artistas e criadores locais. O maior recurso natural da Caparica não é a praia: é a criatividade das pessoas. Foi por isso que me mantive próximo da Nova FCT e da sua incubadora. Acredito no empreendedorismo. Foi a Pauline Foessel da Underdogs que me apresentou o Kampus, uma verdadeira mais-valia da Caparica. Fiquei feliz por outros artistas locais terem vindo visitar e apoiar a iniciativa, como Bordalo, Vhils ou Malibu Ninjas. O Transpraia pode ser um forte polo cultural e tornar-se um centro de exposições na margem sul do Tejo”, revela Bernard em comunicado.

Para Gregory Bernard, “salvar este comboio representa mais do que um projecto de transportes e de regeneração urbana. É uma homenagem ao património cultural, histórico e estético da Caparica.” Para apoiar a renovação deste comboio, o proprietário fundou a associação sem fins lucrativos “Amigos do Transpraia” (AdT), “dedicada à restauração e preservação do Transpraia, das estações e do ambiente envolvente”. A sustentabilidade também está no centro da missão da AdT, garantindo que todas as actividades e desenvolvimentos respeitem a beleza natural da região, em particular as dunas locais e o ecossistema. Com a associação, Benard espera reunir o investimento necessário para revitalizar este clássico da Costa da Caparica, e pô-lo a funcionar no próximo ano.

A exposição pode ser visitada entre as 10h e as 18h.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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