Metro Sul do Tejo na Costa da Caparica e Trafaria só daqui a cinco ou sete anos

Assinatura de protocolo destina-se ao início dos estudos técnicos

Tal como o Almada Online divulgou a semana passada, foi assinado ontem, 15 de Julho, na Praça da Liberdade, na Costa da Caparica, o protocolo entre a Câmara Municipal de Almada (CMA), o Metropolitano de Lisboa E.P.E (MetroLisboa), e os Transportes Metropolitanos de Lisboa, E.M.T, SA (TML), para elaboração do projecto de expansão do Metro até à Costa da Caparica e Trafaria, passando por Santo António, São João e Quinta do Torrão. A cerimónia contou com a presença de Faustino Gomes, presidente do conselho de administração da TML e o vogal Rui Lopo; Maria Helena Campos e Sónia Páscoa, vogais do conselho de administração do Metropolitano de Lisboa; da Secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias, e do Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz. Entre os espectadores encontravam-se muitos dos eleitos do concelho de Almada.

Este novo troço que caparicanos e almadenses há muito desejam ver concretizado, acrescentará mais cerca de 6,6 quilómetros à rede actual, permitirá também uma ligação directa ao transporte fluvial da Trafaria, e consequentemente a Lisboa. É também um passo importante no caminho da mobilidade sustentável dentro do concelho, ligando as suas duas cidades através de uma ligação rápida. A medida visa também reduzir a dependência do transporte individual, respondendo assim ao compromisso de Portugal de atingir a neutralidade carbónica em 2050.

O primeiro troço do metro à superfície foi inaugurado a 30 de Abril de 2007 entrando ao serviço da população a 1 de Maio do mesmo ano. As 2ª e 3ª fases de construção, já então previam o seu alargamento ao concelho do Seixal, com ligação ao da Moita e do Barreiro. Passados 16 anos, o metro irá crescer noutra direcção.

O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, disse que “dentro de cinco, seis, sete anos podemos estar a pensar em obras no terreno e material circulante adquirido”, afirmou.

“Nós hoje não lançámos o Metro Sul do Tejo, lançámos estudos e tencionamos, nos próximos três anos, apresentar estes estudos, com o valor do investimento incluído”, arescentou o ministro. “Agora façamos estes estudos com rigor para não haver dúvida nenhuma, para que todos os actores políticos no futuro não venham desfazer o que um grande consenso alargado está a definir hoje”, afirmou.

“O Governo tem uma visão integradora de uma cidade de duas margens, que não se pode desenvolver apenas na margem norte. Não há democracia plena, se não existir uma mobilidade plena e, por isso, é importante apostar nas infraestruturas rodo e ferroviárias.”, disse ainda.

Destacando a importância de uma união, o governante desafiou os deputados do PS presentes na cerimónia, para um consenso em torno dos projectos estruturantes para o país, lembrando que o mesmo foi feito relativamente ao novo aeroporto.“É tempo de nos unirmos à volta de uma visão comum do que queremos para a nossa sociedade, para o nosso território. É esse consenso que é necessário”, disse, adiantando que está também disponível para pensar em conjunto num novo desafio que tem sido defendido pela presidente da CMA, o de uma nova travessia no rio Tejo entre a Trafaria e Algés “essencial na colagem das duas margens e na construção de uma grande circular rodo-ferroviária da Área Metropolitana de Lisboa.”

Este protocolo, segundo Faustino Gomes, presidente do Conselho de Administração da TML, pressupõe a parceria entre entidades que detêm as valências necessárias: “Se a Câmara Municipal de Almada nos traz o conhecimento profundo do território e seu ordenamento e o sentimento das populações, o Metropolitano de Lisboa traz o conhecimento especializado em tecnologia e projecto, e a Área Metropolitana de Lisboa, em que a TML é o seu braço operacional, traz a visão do que é melhor para uma estratégia metropolitana, de conjunto, e não somente a soma das partes”.

Este passo pode bem ser, na opninião de Faustino Gomes, “a evolução necessária para trazer ao Arco Ribeirinho Sul um novo fôlego e representar uma grande evolução para a mobilidade nesta margem, mas também numa lógica de uma região metropolitana bem articulada, em que o rio une, e os territórios se desenvolvem de forma equitativa, contribuindo os transportes para essa coesão.”

©Luís Filipe Catarino / CMA / Representantes do Metropolitano de Lisboa, da TML, e presidente da CMA, com o ministro Miguel Pinto Luz e a secretária de Estado da Mobilidade Cristina Pinto Dias.

A presidente da CMA, Inês de Medeiros, disse que era um dia “particularmente emocionante para Almada e para a Costa da Caparica e Trafaria. Esta cerimónia é um passo fundamental para concretizar uma das antigas ambições do concelho.” A autarca adiantou que a obra irá dar resposta às necessidades das populações, atravessando o concelho de “lés a lés”, estabelecendo uma ligação fundamental a Lisboa através dos terminais fluviais de Cacilhas e Trafaria. Inês de Medeiros apelou ainda ao governo para que “este projecto seja o meu e o vosso compromisso para as populações que servimos, assegurando a sua concretização com a maior diligência possível”.

O novo traçado, proposta pela CMA, é um passo significativo na melhoria do transporte público, oferecendo uma alternativa rápida, eficiente e ecológica a habitantes e visitantes. O projecto vai proporcionar um acesso mais fácil e rápido às praias da Costa da Caparica, beneficiando residentes, turistas e promovendo o turismo local. Este novo troço, que passará a servir também as zonas habitacionais de Stº António e São João, será também um incentivo ao desenvolvimento económico da região, atraindo novos negócios e oportunidades de emprego.

O protocolo de colaboração tem por objectivo definir os termos e condições de cooperação a estabelecer entre as partes tendo em vista o estudo, planeamento e concretização do projecto de extensão do Metro Sul do Tejo, designadamente no que se refere ao seu objecto, custos, faseamento e definição do traçado. 

No âmbito do protocolo, cabe ao Metropolitano de Lisboa a Gestão do Projecto, estabelecendo e assegurando a colaboração entre as partes; desenvolver e/ou promover o relatório de diagnóstico; fazer a avaliação da viabilidade técnica-económica do traçado de referência e a realização de serviços de cartografia e de topografia, entre outros. 

A Câmara Municipal de Almada ficará responsável por estabelecer as condições de inserção urbana do novo traçado, no território sob sua tutela administrativa, particularmente em harmonização com as áreas urbanas abrangidas pelo novo troço. 

À TML caberá assegurar a articulação e gestão do projecto, abrangendo os estudos sobre tráfego e procura, bem como a harmonização das opções de transporte público com os demais modos de transporte e tarifário no contexto da Área Metropolitana de Lisboa. Esta iniciativa visa garantir infraestruturas de ligação regional, potenciando a máxima eficiência e eficácia do serviço público de transporte de passageiros no seu conjunto. 

Esta decisão decorre da Portaria n. 410/2024/2, subscrita pela Secretária de Estado do Orçamento e pelo Secretário de Estado da Mobilidade Urbana e publicada no Diário da República 2.ª série, de 21 de Março de 2024.

Pela mesma Portaria, o Metropolitano de Lisboa foi autorizado a realizar a despesa correspondente, até ao montante total de 1 650 000,00€ (um milhão e seiscentos e cinquenta mil euros), nesta fase de estudos técnicos. Estima-se que o valor da obra chegue aos 3,1 mil milhões de euros.

O Metro Sul do Tejo conta actualmente com três linhas: a Linha Azul, que liga Cacilhas a Corroios; a Linha Amarela, que liga Corroios ao Pragal; e a Linha Verde, que liga Cacilhas à Universidade, no Monte da Caparica. O metro transporta mais de 16 milhões de passageiros por ano.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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