Almadenses ouvidos sobre expansão do Metro manifestam preocupação com ruído

Atravessamento pedonal e rodoviário da linha, interfaces e estacionamento, são outras apreensões dos munícipes

As conclusões da consulta pública sobre a expansão da linha 3 do metro à Costa da Caparica e Trafaria, desenvolvidas em duas sessões presenciais nos dias 20 e 21 de Fevereiro, e também online através de um formulário, foram apresentadas em Conferência, na Quinta-Feira 6 de Março, pelo grupo de trabalho da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCT), no Monte da Caparica. Foram recebidas 868 participações de munícipes, colocadas 518 questões, que constarão no relatório final que será entregue ao grupo de trabalho no final de Março.

A consulta pública do projecto de extensão do Metro Sul do Tejo até à Costa da Caparica e Trafaria revelou que os munícipes estão preocupados com o ruído, o atravessamento pedonal e rodoviário da linha, e com os interfaces.

O trabalho de organização, mediação e sistematização dos contributos dos munícipes foi desenvolvido a pedido do Metropolitano de Lisboa (ML), em parceria com o Município de Almada (CMA) e a TML – Transportes Metropolitanos de Lisboa, para estudar a futura expansão do Metro Sul do Tejo até à Costa da Caparica e Trafaria.

©NOVA FCT / Resultado das perguntas colocadas durante a sessão pública na Trafaria.

Através da consulta pública, a população do concelho de Almada foi chamada a participar num debate sobre um projecto que prevê a criação de 10 estações.

Segundo o grupo de trabalho, quer na participação online quer nas sessões presenciais, uma realizada na Trafaria e outra na Costa da Caparica, os cidadãos manifestaram preocupações relativas ao ruído e vibração que o transporte possa vir a causar.

Outra das preocupações de destaque prende-se com os esquemas de trânsito, nomeadamente o atravessamento pedonal e rodoviário da linha.

Em destaque surgem também as questões dos interfaces com outros transportes, assim como a necessidade de locais de estacionamento.

Uma questão levantada durante as sessões de participação foi a preocupação dos munícipes, sobretudo os caparicanos, com as consequências da obra na Av. Afonso de Albuquerque, na Costa da Caparica, onde o traçado previsto irá reduzir as faixas de rodagem e eliminar espaços verdes.

A conferência de abertura deste processo de participação, aconteceu a 10 de Fevereiro e contou com 223 pessoas registadas. A sessão pública naa Trafaria, teve registo de 127 pessoas, e a da Costa da Caparica com 203.

©NOVA FCT / Resultado das perguntas colocadas durante a sessão pública na Costa da Caparica.

Presente na Conferência, a Secretária de estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias, disse ter a expectativa de que a contratação do procedimento possa avançar para até ao final do próximo ano. A governante lembrou ainda “a importância das metas ambientais e de sustentabilidade assumidas por Portugal em sede de União Europeia”, e afirmou que este projeto de expansão do metro era essencial para Almada, que na sua opinião protagonizará uma “nova visão de mobilidade” na Área Metropolitana de Lisboa.

Faustino Gomes, presidente da TML disse que “Não era obrigatório que o fizéssemos já, mas foi importante ouvir as pessoas numa fase que ainda permite ajustes ao projecto”, relativamente à participação dos munícipes.

A presidente do conselho de administração do ML, Maria Helena Campos, chamou a tenção para a “transparência”, que espera para a execução do projecto.

José Júlio Alferes, director da NOVA FCT, elogiou o que considera “uma verdadeira participação pública” numa fase ainda inicial do projecto.

O estudo prévio tem a sua conclusão prevista para final de 2026. A próxima fase passa por encerrar o ciclo de participação pública, que ainda decorre online até 21 de Março. A 28 de Março serão disponibilizadas online algumas respostas imediatas a perguntas dos munícipes. A 30, prevê-se a finalização do relatório sobre a participação pública. No segundo semestre de 2025, está prevista a apresentação, pelo grupo de trabalho, do tratamento das perguntas colocadas. A partir de Setembro, vão ser apresentadas as respostas a todas as questões colocadas. 

©NOVA FCT / Próximos passos do estudo prévio.

Numa reacção aos dados agora divulgados, a presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, disse em declarações à agência Lusa que revelam “os traumatismos dos almadenses relativamente à primeira fase de instalação do metro”. Algumas destas preocupações, adiantou, a autarquia já as tinha transmitido pelo que considera positivo agora “verificar que coincidem com o que os almadenses referem.”

O traçado em estudo terá uma extensão de 7,16 km e inclui 10 estações: Pêra, Várzea de Pêra (com ligação ao Funchalinho), Centro da Costa da Caparica, Parque Urbano da Costa da Caparica, Santo António, São João, São Pedro, Madame Faber/Matas Nacionais, Bombeiros Voluntários da Trafaria e Estação Fluvial da Trafaria.

Em Julho de 2024, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, disse esperar que as obras para a extensão do Metro Sul do Tejo à Costa da Caparica e à Trafaria possam arrancar dentro de cinco a sete anos.

A expansão do Metro Sul do Tejo à Costa da Caparica foi anunciada pelo então primeiro-ministro António Costa (PS) em 29 de Março de 2023, durante a iniciativa Governo Mais Próximo, no distrito de Setúbal.

Actualmente com três linhas em funcionamento, Cacilhas/Corroios, Pragal/Corroios e Cacilhas/Campus da NOVA FCT, o Metro Sul do Tejo revolucionou a mobilidade entre Almada, Corroios e o Monte da Caparica, e, segundo dados da empresa, transporta mais de 16 milhões de passageiros por ano.

Até 21 de Março, ainda é possível colocar perguntas, transmitir preocupações e fazer sugestões através do formulário online.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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