A Poesia invade Almada com o Festival Portugal Slam

Festival anual de poetry slam decorre de 7 a 9 de Setembro, elege os representantes nacionais para o Europeu e Mundial de 2024 e, traz o criador do movimento a Portugal

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O Festival Anual itinerante de Poetry Slam decorre este ano em Almada, de 7 a 9 de Setembro, com actividades no Ponto de Encontro em Cacilhas, na Incrível Almadense, no Cine Incrível e na Nordic Tavern. A sua programação tem como objectivo a reflexão sobre a existência e expansão deste movimento poético e os seus impactos sociais, assim como a eleição dos representantes portugueses no campeonato Europeu de Antuérpia e no Mundial de Paris, que se realizam em 2024. Em Almada, estarão todos os colectivos nacionais que participam na Final Nacional e o fundador do movimento Poetry Slam, Marc Kelly Smith. A 9ª edição do festival tem acesso livre.

O Poetry Slam é uma práctica em torno da palavra, que tem na sua base várias regras que envolvem a performance e poesia original dos seus participantes, num tempo limitado aos 3 minutos por apresentação, tendo o público como júri que pontua cada apresentação de 0 a 10, a ausência de música e acessórios e, a atribuição de prémios simbólicos no final. Não existem estilos ou temas adequados, existem várias linguagens possíveis, que variam com a diversidade dos participantes que fazem parte deste movimento. Aqui dá-se literalmente o corpo ao manifesto, ou antes, à poesia.

No dia 7 de Setembro, a abertura oficial do festival e a apresentação da sua programação acontecem às 17h na sede social da Sociedade Filarmónica Incrível Almadense (SFIA), onde às 18h tem também lugar a conversa “Da Raíz ao Futuro do Slam”, moderada por Li Alves da Portugal Slam, com Marc Kelly Smith (EUA) fundador do movimento Poetry Slam, Yopo e Zurg (FR) fundadores da Liga de Slam Francesa e, Alex Cortez (PT) músico, programador cultural e, um dos primeiros organizadores e difusores do movimento Poetry Slam em Portugal. Marc Kelly Smith, poeta, autor e o criador/fundador do conceito Poetry Slam, também apelidado de “Slam Papi”, conta com mais de 3.000 apresentações ao vivo e, continua a ser o anfitrião todas as noites de Domingo, no Green Mill Jazz Lounge em Chicago, onde o poetry slam teve início pela sua mão, em 1987. Presentes estarão também os membros da direcção do Portugal SLAM, da SFIA e a Presidente da União de Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas. Às 21h30 no Cine Incrível e em parceria com a iniciativa Jazz’me, o trio de jazz constituído por Eduardo Faustino na guitarra, Bruno Margalho no saxofone e Pedro Oliveira na bateria, acolhem Marc Kelly Smith em palco, onde o jazz poetry pretende trazer Chicago a Almada. Os bilhetes para o Jazz’Me – A Poetry Experience, têm um custo de 5€, que revertem a favor dos músicos e do Cine Incrível.

©Portugal Slam/ No Poetry Slam o júri é constituído pelo público, que pontua cada actuação de 0 a 10.

A Casa Municipal da Juventude – Ponto de Encontro, irá acolher dois workshops no dia 8 de Setembro, o Poetry Slam para Jovens com Maria Giulia Pinheiro e Li Alves e, o Blackout Poetry “Reconstituição Portuguesa” com Filipe Homem Fonseca e Li Alves. O Poetry Slam para Jovens realiza-se pelas 15h e, durante duas horas, o seu público alvo juvenil dos 14 aos 18 anos de idade, será introduzido ao movimento poético Poetry Slam, através da sua história e conceitos. Os participantes irão perceber todos os aspectos do movimento e, que a palavra dita (spoken-word) é a sua génese. Ao longo da sessão vão ser propostos desafios de escrita, com o objectivo de produzir textos e trabalhar os mesmos para trazê-los a “palco”. Também serão abordados os benefícios de escrever para dizer. O segundo workshop, acontece no mesmo dia às 17h e, parte do livro “Reconstituição Portuguesa” lançado a 25 de Abril de 2022. A obra em questão, é um verdadeiro manifesto que transformou um símbolo do fascismo em gritos poéticos de Liberdade. Inspirados na técnica de blackout poetry, um colectivo de poetas, slammers e ilustradores liderados por Viton Araújo e Diego Tórgo aplicou o lápis azul sobre as palavras da Constituição fascista de 1933, até que dela se erguessem, apenas, poemas e ilustrações exaltando os valores de Abril: liberdade, humanidade, justiça, igualdade. O livro venceu dezenas de prémios internacionais, incluindo o Grand Prix de design em Cannes. O workshop tem como ponto de partida uma conversa sobre a censura practicada pelo Estado Novo, de forma a contextualizar o lápis azul, até ao que se passa actualmente e, os formadores/autores explicarão a mecânica do exercício de black out poetry , práctica poética que rassura palavras de um texto e destaca outras criando uma nova mensagem, para que, posteriormente, o grupo a possa experimentar. No final, os trabalhos realizados serão expostos durante o festival Portugal SLAM. Às 21h acontece o Pre-slam, que vai apurar mais duas pessoas para a final nacional. Às 23h a performance Poezyk, preparada pelos convidados internacionais Zurg, Yopo e Marc Kelly Smith, uma mistura de palavras e sons, sobe palco. O After Slam é na Nordic Tavern às 00h, ao som do DJ Statik e open mic para quem quiser.

O último dia do festival, 9 de Setembro, inicia-se às 11h no Ponto de Encontro, com uma oficina, às 14h haverá um briefing sobre o evento nacional e, pelas 14h30 um masterclass de poetry slam com a Ligue Slam de France, sendo as três actividades apenas para os finalistas nacionais. Às 17h, tem lugar a Tarde de Poesia Vadia em parceria com a Incrível Almadense e a Universidade Sénior de Almada e, às 18h os Gigantes à Margem trazem uma batalha de hip hop entre 4 MC’s, uma disputa de palavras, juntando assim dois públicos improvavéis. Às 21h tem lugar para uma homenagem a Marc Kelly Smith. É pelas 21h30 que a Final Nacional do Portugal Slam vai eleger os vencedores que irão representar Portugal no Europeu e Mundial de 2024 e, será o público quem os irá eleger. O festival encerra na Nordic Tavern com confraternização, música a cargo do DJ Statik e, claro, microfone aberto para quem quiser.

O Festival Portugal Slam é organizado pela Portugal Slam, Associação triplic’ARTE, Sociedade Filarmónica Incrível Almadense e Grupo Poético de Aveiro.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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