Almada | A morte de uma cidade

Um filme de João Rosas, que pode ser visto a 6 de Novembro às 21h, no Auditório Fernando Lopes-Graça

No coração do Bairro Alto, mesmo no centro de Lisboa, o edifício de uma antiga tipografia é demolido para dar lugar a apartamentos de luxo. Vendo isso como uma imagem perfeita da morte de uma certa Lisboa, no rescaldo da crise financeira, e do crescimento imobiliário e turístico exponencial que se seguiu, o realizador filma um diário urbano que retrata o quotidiano do estaleiro de obras e aqueles que ali trabalham. O que começa por ser um filme centrado no trabalho, acabou por transformar-se na história da relação do realizador com a sua terra natal, e com as pessoas que a construíram.

“A Morte de Uma Cidade” inicia-se no exacto momento em que o realizador regressa a Portugal, depois de três anos a viver em Londres. Rosas explica: “Regressei com muita vontade de continuar a explorar o dispositivo do diário urbano, da relação com o espaço. Mas as cidades eram muito diferentes e não consegui encontrar imediatamente uma forma de abordar Lisboa e o contexto da crise.”

 Este é um filme que demonstra a função de intervenção social que o cinema documental pode ter. Rosas é testemunha em primeira mão da precariedade laboral das construção civil e dos emigrantes em Portugal.

“É um filme construído por camadas, como uma cidade, um diário urbano lisboeta em que através do quotidiano de um estaleiro de obra me proponho contar a história da minha cidade nos últimos dez anos”, afirmou o realizador, citado pela produtora Terratreme em comunicado.

“À medida que as situações de trabalho e o próprio espaço iam mudando eu era obrigado, e estimulado, a mudar a minha maneira de me relacionar com as pessoas e de as filmar. A maior dificuldade era sem dúvida a enorme rotatividade de trabalhadores, que levava a que as pessoas com quem tinha criado relações de confiança desaparecessem de um dia para o outro”, explicou o realizador por ocasião do DocLisboa de 2022, onde o filme estreou.

O filme recebeu o prémio de Melhor Longa-Metragem Documental de 2023, do DocAlliance Award, e o de Melhor Filme pela Sociedade Portuguesa de Autores em 2023.

Com produção da Terratreme, esta é a primeira longa documental de João Rosas, que anteriormente realizou as curtas-metragens “Catavento” (Melhor Curta-Metragem – BAFICI, Argentina 2021), “Maria do Mar” (Melhor Curta Metragem no Curtas Vila Do Conde 2015, Melhor Curta Metragem Internacional no Olhar de Cinema – Curitiba IFF 2016) e “Entrecampos” (2013).

©DR / Esta é a primeira longa documental de João Rosas.

Ficha Técnica:

Título original: A Morte de Uma Cidade
Realização: João Rosas
Argumento: João Rosas
Produção: Terratrema
Elenco: Armando Correia, José Rosa, Nicolas Dalibot, Calisto Belchior, José Francisco, Ismael Alves, Aliou Ba, António Melo, Amâncio Espírito Santo, José Carlos, Rui Santos, Henrique João, Primos Sing, Ussumane Darame, Fernando Pina, Rangel Leal, Mohamadu Saliu Bah, Paulo Vicente Vaz, Carlos Marques, Mamasamba, Armando Melo, Mamadu Banjai, Jorge Silva, Armando Balanta, Mário Jaura, Alcides Vieira, Ran Murti
Fotografia: João Rosas
Som: Nuno Carvalho
Edição: Raul Domingues, João Rosas
Género: Documentário
Origem: Portugal
Ano: 2022
Duração: 116 min.
Classificação: M/12

Preço: 3,00€ (desconto de 50% jovens e séniores).

Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira do Auditório Fernando Lopes-Graça uma hora antes do ínico da sessão.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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