Caparica | FCT NOVA obtém financiamento de 2,5 milhões em técnica de ponta

FCT NOVA terá o primeiro grupo de investigação e formação em Portugal na área da cryoEM. Esta técnica de ponta ajuda a determinar estruturas de vírus, sendo a base para tratamentos mais efectivos. Covid-19, Alzheimer, cancro ou fibrose quística poderão vir a ter tratamentos mais efectivos.

A NOVA School of Science and Technology (FCT NOVA), cujo campus se encontra localizado no Monte da Caparica, anunciou na Sexta-Feira dia 27 de Janeiro em comunicado enviado às redacções, um financiamento de 2,5 milhões de euros, por parte da União Europeia, no âmbito da iniciativa ERA Chairs Actions, para o estabelecimento do primeiro grupo de investigação em Portugal na área da Crio-Microscopia Eletrónica (cryoEM) para Biologia Estrutural.

A crio-microscopia electrónica é uma técnica para a obtenção de imagens de amostras biológicas a temperaturas muito baixas (tipicamente -196 ºC) , que permite aos investigadores obter informação estrutural e funcional de grandes complexos de proteínas num estado próximo do nativo, que outras técnicas de biologia estrutural não permitem.

A iniciativa ERA Chairs Actions traduz-se num mecanismo de financiamento da Comissão Europeia que apoia instituições de ensino superior e de investigação, no sentido de atrair e manter recursos humanos qualificados com o objectivo de potenciar a investigação de excelência nas suas áreas de acção.

A cryoEM tem sido utilizada para determinar as estruturas de alta resolução de vários vírus, incluindo o SARS-CoV-2 que causa a COVID-19. Esta informação estrutural permite aos cientistas perceber o mecanismo pelo qual os vírus infectam as células e, é a base para o desenvolvimento de tratamentos mais efectivos. Outras aplicações incluem a determinação da estrutura de complexos proteicos envolvidos na doença de Alzheimer, cancro ou da fibrose quística, contribuindo para o entendimento do mecanismo molecular destas patologias e para a identificação de possíveis alvos para o desenvolvimento de novos fármacos. Este enorme potencial foi reconhecido com a atribuição do Prémio Nobel da Química, em 2017 e, tem sido acompanhado pelo crescimento do número de infraestruturas cryoEM em todo o mundo.

A Biologia Estrutural é essencial para a compreensão, ao nível atómico, da relação estrutura-função em sistemas biológicos e imprescindível para a descoberta de novos fármacos, com um impacto transversal em múltiplas áreas desde a saúde ao ambiente. Os métodos tradicionais de Biologia Estrutural têm sido a Cristalografia de Raios-X e a Ressonância Magnética Nuclear mas, nos últimos anos, o esforço dedicado a melhorar a rapidez e eficiência na determinação de estruturas 3D de macromoléculas biológicas, levou ao crescimento exponencial da utilização da Crio-Microscopia Eletrónica.

Integrado na Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas (UCIBIO-i4HB) da FCT NOVA, o projecto CryoEM@NOVA conta com a coordenação do investigador e coordenador Hartmut Luecke e visa, ao longo dos próximos cinco anos, implementar e dar formação aos seus investigadores em cryoEM, uma área com um impacto significativo nas ciências biológicas.

A nova equipa irá constituir o polo FCT NOVA do consórcio CryoEM-PT, do actual Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Integrado na rede CryoEM-PT, o polo da FCT NOVA dará apoio à preparação, expedição e tratamento de dados de cryoEM de amostras de utilizadores do primeiro Crio-Microscópio Eletrónico em território português, instalado no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) em Braga, e com inauguração prevista para fevereiro de 2023.

O projeto CryoEM@NOVA foi desenvolvido em colaboração com Maria João Romão, Professora Catedrática na FCT NOVA e Directora da UCIBIO, que coordena a implementação do projecto, juntamente com Eurico Cabrita e Ana Luísa Carvalho, membros integrados da UCIBIO. “O financiamento é muito importante não só para a nossa unidade de investigação (UCIBIO) e laboratório associado i4HB, mas também para Portugal, pois vai permitir criar o primeiro grupo especializado em cryoEM dedicado à investigação e formação nesta técnica de ponta para a Biologia Estrutural. Complementando com a nossa experiência em Cristalografia de Raios-X e em Ressonância Magnética Nuclear, será uma oportunidade única para a formação de novos investigadores nacionais e estrangeiros em Biologia Estrutural”, realça Maria João Romão no mesmo comunicado.

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Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online