Do azedume de Inês de Medeiros ao serviço público do Almada Online
Não se pode andar sempre a relembrar os valores democráticos saídos da revolução de 25 de Abril de 1974, apregoar à sua defesa e à sua consolidação, e depois comportar-se exactamente como o oposto.
A liberdade de expressão, de opinião, o confronto democrático e o esgrimir de opiniões distintas, sem que tenhamos de olhar de soslaio por cima do ombro, são garantias e valores que Abril proporcionou aos cidadãos. O mesmo se passa com o direito que os eleitos, partidos e organizações políticas têm para opinar, num convívio democrático e pluralista.
A liberdade de opinião não deve ser condicionada nem à Esquerda nem à Direita, goste-se mais ou goste-se menos. É um direito que todos os cidadãos e eleitos nos vários órgãos democráticos herdaram na manhã de 25 de Abril de 1974, que devemos preservar e potenciar.
A Democracia e o respeito integral pela diferença dos outros, pela opinião dos outros, pelas escolhas dos outros, deve ser um direito elementar e intocável, que só pode estar submetida à tolerância e à convivência em sociedade. Emitir opiniões e tomar decisões, além de ser um dever dos eleitos, é um direito que deve ser sempre salvaguardado, protegendo a própria Democracia.
Quem não sabe conviver com a diferença de opinião e sobretudo com a critica, ficou no 24 de Abril e não conseguiu manter a elegância democrática, nem soube assimilar a verdadeira essência da revolução de Abril.
Na sessão extraordinária da Assembleia Municipal de Almada realizada em Abril passado, tivemos mais um triste número, já recorrente, de vitimização e de falta de noção em relação ao que é ser presidente de câmara e deputados municipais, representados no órgão fiscalizador da câmara municipal. A protagonista do episódio foi a própria presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, situação a que já nos habituou sempre que é confrontada com a sua inércia e falta de empenho no cargo de que é titular, no que diz respeito à resolução de problemas e melhoria de vida dos almadenses.
A autarca, num tom jocoso e mal educado como já é seu hábito, não conseguiu assimilar as críticas que o deputado municipal do CDS-PP, este que vos escreve, e o deputado municipal da CDU, João Geraldes, lhe fizeram durante as suas intervenções. Os deputados municipais fazendo-se valer do seu imprescindível direito democrático e do uso da palavra no exercício das suas funções, criticaram de forma assertiva, é certo, mas dentro da normalidade dos preceitos de convivência em sociedade, o trabalho, ou a ausência dele, de Inês de Medeiros. Pelos vistos, dada a sua reacção, a presidente não gostou de ser exposta à critica e reagiu de forma totalmente deselegante e indigna do cargo que ocupa.
Inês de Medeiros ao fim de quase quatro anos e dois mandatos consecutivos, este último já sem maioria, ainda não entendeu qual deve ser a postura do representante máximo do concelho, nem entendeu ainda que como perdeu a maioria tem de se sujeitar aos ditames democráticos do órgão fiscalizador e respeitar a crítica e opinião dos outros. Habituada (mal) a mandar na sua sessão de câmara, Inês de Medeiros esquece-se que na assembleia municipal é “só” mais uma representantes entre os restantes, reagindo muitas vezes como uma menina mimada.
Da parte do CDS-Partido Popular, Inês de Medeiros terá oposição até ao fim, e o seu deputado estará presente para criticar o que entender que está mal (infelizmente muita coisa), como eestará presente para reconhecer o que de bem é feito em prol dos almadenses.
Não posso deixar de sublinhar em primeiro lugar, a honra que me foi dada ao ser colunista neste órgão local online de comunicação social, por ter a possibilidade de expressar de forma livre as minhas opiniões e posições enquanto eleito. Entendo que cada vez mais a comunicação social tem um papel fundamental na solidificação dos valores democráticos e na transmissão de informação aos cidadãos.
Infelizmente, nem todos os órgãos de informação, e nem todos os jornalistas, agem em conformidade com o seu código deontológico, cedendo muitas das vezes ao lobby, às influências, às conivências, ao poder político e financeiro. É sempre de louvar aqueles órgãos de informação que se pautam pela isenção e pelo pluralismo de opinião, e tentam que a informação seja a mais clara e objectiva possível, direccionando o receptor da mensagem para a sua verossimilhança.
O Almada Online tem-se pautado pelo exemplo de um jornalismo sério, isento, plural e atento aos factos e acontecimentos do concelho, sendo transversal nos temas e nas abordagens. A multiparticipação de colaboradores em crónicas semanais sobre vários temas, são o espelho de que Almada necessita de órgãos de informação e notícias que prestem esse serviço público, tão imprescindível nos nossos dias onde a informação é actualização.
Se dúvidas houvesse, basta ver-se as inúmeras vezes que fontes jornalisticas de órgãos de comunicação social nacionais (Lusa, Público, para dar dois exemplos) citam o exemplar trabalho de investigação, de redação e de campo, que é efectuado pelo Almada Online.
Que continue desta forma, a merecer a confiança dos cidadãos, com isenção, e dedicação ao que é a verdadeira informação.
Almada Online, António Pedro Maco, CDS-PP, Crónica, Opinião


