Dois protestos contra serviço da Carris Metropolitana

Movimentos cívicos realizam dois protestos no concelho

Dois movimentos cívicos convocaram protestos para este fim de semana no concelho de Almada. Ambos contestam o serviço prestado pela a Carris Metropolitana (CM), que entrou em funcionamento no concelho no dia 1 de Julho. O movimento “Passageiros de Transportes Públicos da Costa” convocou uma concentração para Sábado, dia 1 de Outubro, pelas 10h na Praça da Liberdade, junto ao chafariz, na Costa da Caparica. Já o movimento “Fartos!”, vai manifestar-se no Domingo, dia 2, pelas 16h30, junto ao chafariz de Cacilhas.

José Silva, um dos organizadores do protesto do movimento Passageiros de Transportes Públicos da Costa, declarou ao Almada Online que “a população da Costa está dependente dos transportes públicos rodoviários para as suas deslocação diárias, sejam elas laborais, de lazer, médicas, etc. O facto de não termos metro à superfície (MTS), deixa a população com mobilidade reduzida e fechada. Sempre foi assim mas, agravou-se ainda mais com a entrada em funcionamento da CM. Reforço que a anteriormente com a Transportes Sul do Tejo (TST) também era mau, choviam reclamações para a Câmara Municipal de Almada (CMA), Intituto da Mobilidade e Transportes (IMT), Junta de Freguesia da Costa da Caparica (JFCC) e TST, sem que houvesse melhorias. Só funcionou bem no tempo da Rodoviária Nacional (RN), em que havia autocarros em abundância e até com desdobramentos para Lisboa, Cacilhas e Trafaria.”

Relativamente à Transtejo é peremptório, “a travessia fluvial entre a Trafaria/Belém piorou, com avarias constantes e horários de hora à hora com enormes pausas. No passado os horários eram de meia em meia hora, com ligação directa a Belém, ou seja, num quarto de hora estava-se na outra margem. Isto era mobilidade rápida e tirava muitos carros da IC20/Via Rápida.”

Este movimento irá manifestar-se contra a supressão de horários e carreiras que deixam os passageiros da Costa da Caparica à espera nas paragens; na defesa da mobilidade rápida com linhas directas aos interfaces do MTS na Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), aos comboios da Fertagus no Pragal, aos cais de embarque para o transporte fluvial em Cacilhas e na Trafaria; a uma linha rápida para o Almada Fórum; pela existência de uma carreira de “bairro” entre a Costa, Sto. António, S. João e Trafaria com horários de 15 em 15 minutos e com horários alargados das 6h prolongando-se depois da meia-noite. Exigem também a reposição urgente da carreira Costa da Caparica /Praça do Areeiro; a utilização de autocarros com maior capacidade a funcionar nas horas de ponta para Lisboa/Sete Rios (3710) e Cacilhas/Embarque (3011); maior frequência na carreira da Costa da Caparica /Marquês de Pombal (3709).

Defendem ser urgente o MTS chegar até à Costa para não estarem dependentes apenas de um tipo de transporte. Até que isso aconteça exigem um transfer da Costa até à FCT, com paragem em Costas de Cão/Monte da Caparica.

Na travessia do Tejo Trafaria/Belém defendem carreiras de meia em meia hora nas horas de ponta, com horários alargados no mínimo até à meia-noite.

O movimento Fartos!, auto denominado “um movimento apartidário de utentes pela melhoria dos transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa (AML)” expressou as suas reivindicações em comunicado enviado às redacções, onde pode ler-se que “está na hora de obtermos respostas concretas aos problemas que a Carris Metropolitana criou em todos estes concelhos, com uma maior intervenção do Governo e a responsabilização de todos os intervenientes: Conselho Metropolitano da AML, todas as Câmaras Municipais e Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML).

No mesmo comunicado defendem que “a entrada em funcionamento da CM nos diversos concelhos da margem Sul da AML, representa o maior e mais repentino ataque a um serviço público indispensável. De um dia para o outro, e sem qualquer participação dos cidadãos, milhares de pessoas viram-se privadas de transporte para o trabalho, a saúde, as escolas e o lazer. Acresce a este problema o facto das linhas que funcionam o fazerem com total imprevisibilidade. Uma operação que foi anunciada como uma revolução nos transportes, aprofundou a desconfiança face aos transportes colectivos e promove o uso do automóvel, numa enorme regressão climática e social, aumentando a precariedade das vidas num tempo de inflação galopante e de crise energética. As milhares de queixas dos utentes nos últimos meses levaram a pouquíssimas melhorias e não mereceram ainda uma única palavra do Governo, à excepção da facilitação de processos de contratação de motoristas no estrangeiro que, visam a manutenção dos baixos salários e de condições de trabalho indignas, razão pela qual a profissão perdeu atractividade para os nossos profissionais.”

As sua exigências são numerosas: “o cumprimento integral das linhas escolares acabando com falhas que colocam em causa a escolaridade obrigatória, recorrendo à requisição de motoristas junto das forças armadas e policiais se necessário; o retorno das carreiras matinais, nocturnas e de fim-de-semana que foram extintas, assim como 24 horas de serviço na AML; a criação de condições de atractividade na carreira dos motoristas pelo reforço salarial e melhoria das condições de trabalho; a instituição de consultas públicas sempre que se proceda a reconfigurações da rede; tempos máximos de percurso na ligação das localidades à sede de concelho (30 minutos), na ligação das localidades a interfaces (30 minutos), na ligação das localidades a Lisboa (uma hora); fim da sobreposição excessiva de linhas em percursos muito demorados que beneficiam apenas o pagamento ao km das operadoras; a informação pública em tempo real sobre horários, cancelamentos e percursos, na net e nas paragens; tempos máximos de espera nos interfaces à chegada e partida (15 minutos); alternativas de proximidade a todos os terminais que sejam extintos ou temporariamente desactivados, com o conforto mínimo para os utentes; publicitação em tempo real dos fluxos de utentes das carreiras; segurança e conforto para os utentes nas paragens; identificação das paragens pelo nome pelo qual o local é mais conhecido; maior frequência nas linhas e horários sobrelotados; obrigação de reporte à AMT de todos os incumprimentos contractuais e efectivação das coimas pelos mesmos; a efectiva promoção de políticas de mobilidade sustentável que caminhem para a gratuidade e oferta generalizada de transportes colectivos”.

Enviámos algumas questões a uma das organizadoras deste movimento, mas não obtivémos resposta em tempo útil para este texto.


Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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