Inês de Medeiros considera inaceitável a destituição da administração da ULSAS

Presidente da Câmara Municipal de Almada considera procedimento indigno e prepotente. Presidente da Câmara do Seixal lamenta a "repentina destituição".

A presidente da Câmara Municipal de Almada (CMA), Inês de Medeiros, considera inaceitável o processo de substituição da administração da Unidade Local de Saúde Almada-Seixal (ULSAS), classificando o procedimento como indigno.

“Fui totalmente surpreendida. Consideramos inaceitável a forma como isto é anunciado”, disse Inês de Medeiros em declarações à agência Lusa, manifestando-se solidária para com a actual presidente do conselho de administração.

Teresa Luciano será substituída por Jorge Seguro Sanches, ex-governante socialista que assumiu as pastas de secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, de 2019 a 2022, e de secretário de Estado da Energia, de 2015 a 2018 em governos liderados por António Costa.

Inês de Medeiros considera que sem por em causa a qualidade de quem venha a substituir Teresa Luciano, o procedimento não mostra respeito pelo trabalho feito, além de defender que “esta não é forma de lidar com os municípios”, criticando assim o facto de os autarcas não terem sido ouvidos assim como as equipas do hospital.

“Não se trata de filiação ou não filiação partidária, mas de reconhecer um trabalho que estava a ser feito e foi interrompido”, disse. A autarca socialista realçou que a ULSAS estava num processo de reorganização, pelo que considera que “esta mudança, independentemente da qualidade da nova administração, vem criar uma perturbação enorme num processo que estava a correr bem”.

Inês de Medeiros criticou a estratégia do Governo referindo que o que tem visto “são planos de exoneração e de substituição de equipas” e “falta de planeamento, destabilização e muito poucas respostas prácticas e concretas que resolvam os problemas das pessoas”.

“Há uma prepotência na forma como se está a decidir estas matérias que não posso deixar de criticar muito veementemente porque não é assim que se estabelecem bases sólidas para um bom trabalho e uma boa articulação entre todos”, frisou.

A presidente da CMA adiantou ainda que qualquer alteração neste momento vem atrasar o que estava a ser feito no Garcia de Orta “que não é um hospital qualquer. É o único grande hospital do sul do país. Por isso toda e qualquer alteração no Garcia de Orta tem um impacto enorme”, frisou.

Em entrevista à SIC Notícias, Inês de Medeiros, fala numa decisão tomada sem o conhecimento da autarquia. “A tutela devia ouvir as pessoas, ouvir os serviços, ouvir os autarcas, e tentar em conjunto arranjar soluções”. A autarca foi até mais longe. “É uma manobra de passa culpas, de passa responsabilidades, em função de uma tutela que tem demonstrado que fez muitos anúncios mas que deveria ser um pouco mais humilde”. Inês de Medeiros disse ainda que “foi uma manobra de pura prepotência” que na sua opinião “é inaceitável”.

A Presidente da Câmara Municipal de Almada diz mesmo que está “indignada com a decisão” e garante que a mudança da Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde foi “precipitada”. Sobre o novo nome para o Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde Almada-Seixal, Jorge Seguro Sanches, Inês de Medeiros diz que tem qualidade para o cargo, mas não entende a forma como foi nomeado.

A Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal (ULSAS) integra o Hospital Garcia de Orta (HGO) e o Agrupamento de Centros de Saúde de Almada-Seixal.

Actualização 06-09-2024:

Reacção do autarca do Seixal Paulo Silva

O presidente da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Silva, lamentou a “repentina destituição” do conselho de administração da ULS Almada-Seixal considerando que “tem feito um trabalho esforçado e resiliente para tentar minorar os problemas existentes”.

“A Câmara Municipal do Seixal vê com surpresa esta destituição repentina da drª Maria Teresa Luciano, a quem deixo uma palavra de solidariedade pelo trabalho realizado enquanto presidente do hospital Garcia de Orta, agora da Unidade Local de Saúde Almada – Seixal”, disse o autarca em declarações à agência Lusa.

Na opinião do autarca “nada justificaria esta destituição” uma vez que a actual administração tinha conseguido uma boa relação com os profissionais de saúde, comissões de utentes e câmaras municipais “numa postura de diálogo com todos”.

Os problemas existentes, defendeu Paulo Silva, devem-se a conflitos entre o Governo e os profissionais de saúde, devido à falta de valorização da carreira, mas também ao facto de o Hospital Garcia de Orta atender um grande número de utentes. “Foi projectado para 200 mil pessoas, e a população dos dois concelhos de Almada e Seixal é já de cerca de 350 mil pessoas, pelo que é impossível esta infra-estrutura conseguir responder, sendo por isso cada vez mais necessária e urgente a construção do hospital do Seixal”, frisou Paulo Silva.

O presidente da Câmara Municipal do Seixal acrescentou ainda que esta mudança vai agudizar os problemas existentes, e adiantou que vai pedir uma reunião à ministra da Saúde para abordar esta questão, assim como a da construção do Hospital do Seixal.

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Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online