Limpar Almada, sim, mas é preciso a câmara dar o exemplo
Em conjunto com a recolha deficitária de lixo, existe ainda um outro problema que é a limpeza do próprio espaço público que deixa também muito a desejar. É frequente observar-se a falta de limpeza das ruas de Almada, onde lixo acumula-se e espalha-se sem que haja uma resposta atempada e eficaz tornando o mesmo deprimente e degradante, afastando as pessoas do uso do espaço público, bem ao contrário do pretendido e desejado.
Sou verdadeiramente favorável a uma maior intervenção e participação directa dos munícipes não só na concretização de decisões políticas de desenvolvimento e de melhoramento do seu concelho, mas também numa intervenção de vertente mais prática e assídua, pois os seus direitos e deveres não se devem esgotar de quatro em quatro anos num boletim de voto.
A participação e intervenção cívica nos dias que correm é um verdadeiro sinal de amadurecimento de uma sociedade democrática, pluralista e responsável perante o futuro das gerações. Desta forma, não posso deixar de saudar a iniciativa da câmara de Almada com o evento a realizar este mês com o tema Limpar Almada. Acho positivo.
Todavia, tudo isto é apenas uma parte da tentativa da resolução do problema que é de todos e que deve em primeiro lugar, ser resolvido por quem tem responsabilidades directas e acrescidas como é o caso da autarquia. A Câmara Municipal de Almada não pode incentivar à participação de um dever colectivo quando a mesma não cumpre sistematicamente com essa obrigação.
As sucessivas reclamações e descontentamento de muitos munícipes com a falta de limpeza no concelho, é bem o espelho do fracasso que é o plano de higienização e de limpeza e recolha de resíduos um pouco por todas as freguesias.
De há uns tempos para cá, é constantemente visível o acumular e amontoar de lixo e demais resíduos urbanos pelas ruas. Caixotes do lixo, por exemplo, a transbordar, onde os detritos demoram demasiado tempo a ser recolhido, nomeadamente os conhecidos monos, dando à cidade um aspecto sujo e desmazelado. Logo, é necessário agir com urgência a fim de resolver o problema.
Em conjunto com a recolha deficitária de lixo, existe ainda um outro problema que é a limpeza do próprio espaço público que deixa também muito a desejar. É frequente observar-se a falta de limpeza das ruas de Almada, onde lixo acumula-se e espalha-se sem que haja uma resposta atempada e eficaz tornando o mesmo deprimente e degradante, afastando as pessoas do uso do espaço público, bem ao contrário do pretendido e desejado.
Para agravar o problema, é cada vez mais frequente o munícipe encontrar o espaço público degradado e sem manutenção no que diz respeito à falta de tratamento da vegetação que cresce descontrolada, também ela potenciadora de acumulação de mais lixo e atractiva para todo o tipo de pragas urbanas como é usual nestas situações.
A falta de cuidado com o espaço público também nas zonas de praia, observa-se na falta de manutenção em locais que deveriam ser de excelência, com o depósito de areias que se acumulam junto a passeios e vias que deveriam ser totalmente destinadas à passagem de veículos ou local de transeuntes, bem ao invés de locais de depósito de areia. Os movimentos e deslocação de areias através do vento são fenómenos normais; o que não será normal é o desleixo por parte da câmara municipal em acompanhar e restabelecer ao espaço público um aspecto limpo e organizado.
Na identificação do problema e apuramento de responsabilidade, certamente que não vamos apontar erros ou falhas aos funcionários e trabalhadores da autarquia. Todo este problema tem um único responsável: a câmara municipal que de há dois anos para cá, tem denotado uma tremenda falta de estratégia e de planos para o desenvolvimento do concelho, onde a recolha de lixo e a limpeza tornou-se um problema endémico estruturante e sem melhorias à vista. Certamente não faltarão trabalhadores ou equipamento de limpeza e higiene urbana que possa fazer face ao problema. É nitidamente, uma falta de responsabilidade, falta de estratégia e desleixo por parte da câmara que leva ao agudizar do problema.
Deste modo, na busca da resolução do problema, a autarquia, além da actuação directa na limpeza, tem ainda a obrigação e o dever de fiscalizar e fazer aplicar a lei junto dos casos em que o cidadão não cumpre com as normais e com os códigos de conduta no que respeita ao meio ambiente. Não basta limpar nem recolher o lixo. É preciso um acompanhamento sistemático do problema e reforçar as acções de campanha em sensibilização e consciencialização tal como relembrar os impactos negativos que o mesmo acarreta para o ambiente e, agir energicamente nos casos reincidentes aplicando as devidas sanções previstas nos regulamentos.
O cidadão em Almada já paga mensalmente taxas bastante elevadas para que a câmara municipal possa garantir uma adequada estratégia de limpeza urbana. Se não o faz na plenitude, é porque não tem capacidade de gestão ou simplesmente, desistiu de Almada.
É a câmara municipal e na sua última linha, Inês de Medeiros, a verdadeira responsável pela falta de um plano eficaz à acumulação de lixo um pouco por todo o concelho, tal como é responsável pela ausência de um espaço público aprazível e atractivo, ainda por mais um concelho que recebe anualmente milhões de turistas.
O exemplo deve vir de dentro. Não pode uma autarquia promover a participação e responsabilidade da cidadania quando a própria não cumpre com os seus deveres.
Em conclusão, algo vai mal em Almada. O segundo mandato de Inês de Medeiros, eleita pelo Partido Socialista em 2021, e que se apoia numa maioria frouxa e totalmente descomprometida com o concelho, é desprovida de capacidade inovadora e não serve os almadenses nem quem nos visita. Tal como o lixo, é um acumular de erros e de desmazelo constante onde os interesses e as tácticas de manutenção e sobrevivência partidária imperam e são mais importantes em detrimento dos interesses dos almadenses. Estes actores políticos são os verdadeiros responsáveis pelo tempo e pelas oportunidades que se perdem constante e diariamente desde 2021.
É preciso mudar. É preciso uma verdadeira alternativa arrojada, destemida e moderna que possa elevar o nome de Almada como um dos maiores e melhores concelhos do país, ou seja, uma Almada desenvolvida.
Almada Online, António Pedro Maco, CDS-PP, Opinião