Próxima geração invade Almada a pedalar

“Espaço para a próxima geração” é o mote da reivindicação que sai às ruas em Almada, no dia 4 de Maio, com encontro marcado para as 15h, nos Bombeiros Voluntários de Cacilhas.

A Kidical Mass Portugal é a massa crítica de crianças portuguesas, que gostariam de poder circular de bicicleta de forma segura nas cidades portuguesas. A 5ª Kidical Mass realiza-se em Portugal de 27 de Abril a 12 de Maio. No Sábado, a Kidical Mass almadense junta-se a este movimento que se manifesta em várias cidades do país no mesmo dia, como por exemplo Porto/Matosinhos, Faro, Amadora, Alfragide, Braga, Figueira da Foz e, Mafra. Muitas cidades portuguesas aderiram noutras datas, como por exemplo Lisboa, que pedala a 5 de Maio.

O percurso em Almada vai até ao Parque da Paz, regressando pela Cova da Piedade, passando pela Romeira, com final no Largo Alfredo Dinis, em Cacilhas. Este percurso pretende ser acessível e seguro a qualquer utilizador de bicicleta, crianças e famílias, seguindo com ritmo lento, ocupando toda a faixa de rodagem em que se circule, de modo a proteger as crianças de eventuais agressões rodoviárias dos automóveis.

As crianças almadenses reivindicam, que sejam implementadas as seguintes medidas em Almada: envolventes escolares seguras e livres de poluição do ar, ruído e tráfego motorizado de atravessamento; rotas seguras para as escolas, a pé e de bicicleta; regras de trânsito rodoviárias amigas da criança, com uma “Visão Zero” como premissa máxima, ou seja, livre de sinistros rodoviários graves; limite de 30 km/h nas localidades de Almada e nas ruas na envolvência das escolas; uma rede ciclável por todo o concelho, que tenha ciclovias largas, contínuas e com cruzamentos seguros, nas principais estradas; mais espaço público dedicado à mobilidade activa onde se possa estar e brincar e; fiscalização rodoviária efectiva, de comportamentos agressivos e ilegais na estrada e nos passeios.

A Kidical Mass defende cidades verdes e amigas das crianças, nas quais existam espaços abertos para as suas brincadeiras, convívio entre várias gerações e onde as crianças possam circular nas suas comunidades com maior segurança e autonomia, com especial enfoque nos trajectos casa – escola.

A Kidical Mass é um movimento global, inspirado no movimento da Massa Crítica, que promove eventos informais protagonizados por crianças e suas famílias, para que se tornem visíveis junto do poder público. Aos decisores com competências na matéria, pedem as condições para que cada vez mais famílias possam usar os modos suaves de mobilidade – andar a pé, bicicletas, trotinetas, patins, skates – nas suas deslocações diárias, de forma segura e independente, principalmente nas envolventes escolares. Isso requer infraestrutura ciclável e pacificação nas ruas dos bairros.

A iniciativa almadense é organizada de forma voluntária, e conta com o apoio de colectivos e entidades que promovem a bicicleta como meio de transporte em Almada, nomeadamente o Estuário Colectivo, Cicloficina de Almada, Pedalar sem Idade Almada, Ciclística, Clube de Campismo de Lisboa e Clube de Ciclismo de Almada.

A iniciativa Kidical Mass decorre em toda a Europa, realizando-se em Portugal desde 27 de Abril em mais de 30 locais, “com milhares de crianças e pais a manifestar-se por ruas mais seguras”.

Pacto Climático Europeu quer crianças a brincar na rua

O Pacto Climático Europeu quer a criação de zonas para que as crianças possam voltar a brincar na rua, apelo que vai fazer à Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) este Domingo 5 de Maio, numa iniciativa à qual se juntarão centenas de famílias em bicicleta. “Não faz qualquer sentido que hoje as crianças portuguesas vivam a maior parte do seu tempo fechadas e não possam brincar na rua como os seus pais e avós quando tinham a idade deles”, afirmou o embaixador para a mobilidade em Portugal do Pacto Climático Europeu, António Gonçalves Pereira.

António Pereira considera ser também “imperioso que autarcas em Portugal criem zonas nas cidades, e nas povoações médias e mais pequenas, em que isso possa acontecer” e sustentou que “brincar na rua é um direito, é uma condição da cidadania infantil que o poder local democrático tem de garantir”.

A proposta de criação de zonas para as crianças brincarem na rua vai ser apresentada na manhã deste Domingo, durante a iniciativa Kidical Mass Lisboa, à qual se espera que centenas de famílias a passear de bicicleta adiram, num percurso com início na Quinta da Alfarrobeira, em Benfica, e fim na Quinta das Conchas, no Lumiar, em Lisboa.

“O que reivindicamos, em primeiro lugar, são envolventes escolares seguras e livres de poluição do ar, ruído e tráfego motorizado de atravessamento”, referiu António Gonçalves Pereira, também um dos organizadores do Kidical Mass, que defende ser “essencial garantir rotas seguras para as escolas, a pé e de bicicleta, leis de trânsito rodoviárias amigas da criança e com limite de 30 Km/h nas localidades e na maioria das ruas com pessoas”.

Necessárias são também “ciclovias largas, contínuas e com cruzamentos seguros, em vias principais”, assim como “mais espaço público dedicado à mobilidade activa e para estar e brincar”, acrescentou o embaixador para a mobilidade em Portugal do Pacto Climático Europeu.

“Os autarcas devem olhar para a população infantil como cidadãos com direito à liberdade, à independência e à segurança”, frisou o também coordenador da Ecomood Portugal – Associação para a Promoção Solidária da Sustentabilidade na Mobilidade Humana.

O Pacto Climático Europeu é central no European Green Deal, promovido pela União Europeia, e tem por objectivo mobilizar as comunidades para investimentos, actividades e processos que sejam progressivamente menos dependentes dos combustíveis fósseis, promovendo a transição para modos de vida mais seguros e saudáveis, e para uma economia sustentável.

A Kidical Mass Portugal criou, em 2022, quando o projecto arrancou no país, a petição “Cidades seguras para todas as pessoas”, dirigida ao Governo e à Assembleia da República, na qual pede a alteração do “limite máximo de velocidade de 50 km/h para 30 km/h em áreas urbanas, onde o tráfego motorizado interage com peões e utilizadores/as de bicicleta”.

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