Quando forçados a escolher entre o partido e as populações, os socialistas escolheram o partido

Assumindo as minhas responsabilidades enquanto eleito na Assembleia das Freguesias de Caparica e Trafaria, pelo PPD/PSD, defendo convictamente a construção das muito aguardadas novas instalações da GNR no Monte de Caparica. Estou certo de que este é um passo crucial para fortalecer a infraestrutura de segurança das nossas Freguesias e do concelho de Almada.

Numa época de crise em que, simultaneamente, os sentimentos de insegurança e de impunidade se exacerbam, garantir a segurança e a tranquilidade das nossas comunidades deve ser uma prioridade maior dos agentes políticos. Assumindo as minhas responsabilidades enquanto eleito na Assembleia das Freguesias de Caparica e Trafaria, pelo PPD/PSD, defendo convictamente a construção das muito aguardadas novas instalações da GNR no Monte de Caparica. Estou certo de que este é um passo crucial para fortalecer a infraestrutura de segurança das nossas Freguesias e do concelho de Almada. Não avançar com a construção destas novas instalações é negar a necessidade urgente de um reforço de capacidade, moderna e bem equipada, que nos permita enfrentar as crescentes preocupações de segurança – bem fundadas – dos nossos cidadãos. Digo mais – não avançar com essa construção será, no fundo, negar as nossas responsabilidades na garantia de necessidades básicas de segurança e bem-estar das populações.

A ideia de novas instalações da GNR no Monte de Caparica não é nova e por ela não pretendo assumir nenhuma propriedade. Na verdade, esta tem sido uma proposta repetidamente reforçada por várias forças políticas, dos mais variados quadrantes, à excepção do sempre hábil, reptilíneo e fugidio Partido Socialista. Aliás, como demonstrarei, o Partido Socialista, sempre insistente em transformar a política na Grande Porca de Bordalo, tem demonstrado uma mera preocupação consistente com as circunstâncias políticas de cada momento, variando as suas posições consoante os seus interesses partidários nos dias em que é forçado a tomar uma posição. Não encontro nada de novo neste posicionamento do Partido Socialista – o que lhes interessa é extrair da Política, tal como da Grande Porca, aquilo que mais lhes convém.

Sejamos, portanto, claros. As primeiras memórias que tenho sobre esta proposta remetem aos tempos da Presidente Maria Emília Neto de Sousa na Câmara Municipal de Almada. E, dito isto, não resisto a uma afirmação – apesar das nossas inegáveis divergências políticas, que saudades deixam esses tempos de Maria Emília a tantos Almadenses, sobretudo em face da evidente degradação da qualidade e categoria dos nossos responsáveis autárquicos.

Nesse tempo, os representantes do Povo de Almada assumiram a necessidade da construção das novas instalações de que hoje escrevo. O Partido Socialista, na altura chefiado por um eterno líder que entretanto está a contas com a Justiça, negou-se a concretizar essa proposta no sempre malfadado PIDDAC, pelo que aquela acabou por nunca passar da reivindicação.

Desse tempo até hoje, foram várias as forças políticas que persistiram na defesa dos interesses das populações, e a elas deve ser atribuído o devido crédito. Notavelmente, em Junho de 2017, a escassos meses das eleições autárquicas desse ano, a CDU, pelo Deputado Municipal João Geraldes, apresentou uma proposta sobre a retoma do desenvolvimento destas novas instalações. Provavelmente possuído pelo espírito da campanha eleitoral que se seguiria, o Partido Socialista votou favoravelmente. Escassos meses depois, em Dezembro, já tendo vencido as eleições e já passado o tal espírito da campanha eleitoral desse ano, o PS absteve-se numa proposta no mesmo sentido apresentada pelo Deputado Municipal do CDS-PP António Pedro Maco. Ou seja, assim que passaram as eleições, o PS deixou de ser a favor, o que, honestamente, não me surpreende. Passados seis anos, em Abril de 2023, o CDS-PP voltou a apresentar uma proposta no sentido da construção de novas instalações da GNR no Monte de Caparica. Cumprindo o destino há muito traçado, o PS voltou as costas às populações e, sem qualquer justificação, votou contra. Porém, qualquer posição sobre este tema assume especial relevância quando é assumida por um Executivo de uma Junta de Freguesia. Nessa votação, o representante da Junta de Freguesia de Caparica e Trafaria, o Sr. João Eixa, escolheu acompanhar a disciplina de voto do seu partido, o PS, e também votou contra – é sobre isso que desejo falar.

Talvez o leitor não saiba, mas cada Junta de Freguesia tem um lugar de Deputado, com direito a intervenção e voto, na Assembleia Municipal de Almada. Em circunstâncias normais, esse lugar é ocupado pela Presidente de Junta, a não ser que essa se faça substituir. Esse representante pode escolher manter a real representação dos seus Fregueses ou juntar-se a um Grupo Municipal. Cumprindo uma lealdade tantas vezes cega aos directórios partidários, tradicionalmente, esses representantes escolhem juntar-se aos seus camaradas de partido. Mais uma vez, assim foi. Nessa reunião da Assembleia Municipal, o Sr. Vogal da Junta de Freguesia de Caparica e Trafaria, mais interessado em alimentar polémicas infantis e que muito ficaram a dever à honestidade intelectual com o antigo Presidente de Câmara Joaquim Judas, esqueceu-se de quem devia, realmente, representar.

Como já disse, a votação contra as novas instalações da GNR no Monte de Caparica é algo que, vindo do PS, não surpreende. No entanto, o Sr. João Eixa, representante das Freguesias para onde se advogam essas instalações, não era, nessa reunião, um mero peão do seu directório partidário. Pelo contrário, ao assumir o papel de representação da Junta de Freguesia, votava pelas suas populações. Era, no mínimo, exigível que, votando contra, tivesse justificado essa votação com uma Declaração de Voto – escolheu não o fazer.

Quando, dois dias depois dessa votação, em reunião da Assembleia de Freguesia, questionei a Sra. Presidente da Junta sobre as razões dessa votação, a Sra. Presidente demonstrou desconhecer o tema, a votação e a respectiva argumentação. Será que a Sra. Presidente e o seu vogal não falam um com o outro? Num tema desta importância, a desorientação da actuação política e da resposta que me foi dada deve ser motivo de preocupação – no limite, é prova da incapacidade do Executivo Socialista para governar a Junta e para assegurar uma posição coerente no seio da sua própria equipa.

É que, surpreendentemente, dois dias depois do seu representante ter votado contra um novo Quartel da GNR no Monte de Caparica, a Sra. Presidente da Junta manifestou, face às minhas perguntas, ser a favor dessas novas instalações. O ridículo tomou conta da Junta da União de Freguesias de Caparica e Trafaria.

E hoje, que posição tem o PS sobre a construção de novas instalações da GNR no Monte de Caparica? O voto a favor de Junho de 2017, a abstenção de Dezembro de 2017, o voto contra de Abril de 2023, ou as declarações da Sra. Presidente da Junta dois dias depois desse voto contra de 2023?

Quando, em 2017 e 2021, assumi as minhas candidaturas a Presidente desta Junta de Freguesia, comprometi-me a fazer diferente. Se hoje fosse Presidente de Junta, assim teria feito. Defender quem em nós confia o seu voto exige a obrigação de enfrentar os interesses instalados, sobretudo os dos directórios partidários. Quando forçados a escolher entre as populações e o partido, os eleitos do PS escolheram, mais uma vez, o partido. Da minha parte, nesta ou em qualquer outra função, comprometo-me a nunca quebrar o contrato de confiança que estabeleci com as pessoas que em mim confiaram o seu voto. Não pode ser de outra maneira.

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David Cristóvão

Eleito do PSD na Assembleia da União de Freguesias de Caparica e Trafaria