Almada | Camus-Casarès, une géographie amoureuse
Em cena na Sala Experimental do TMJB de 24 a 26 de Maio, Sexta e Sábado às 21h, e Domingo às 16h
A companhia Châteaux en Espagne vai estar no Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB) com um espectáculo construído a partir da correspondência amorosa entre Albert Camus e a actriz francesa Maria Casarès. A editora Gallimard publicou essas 1.312 páginas em 2017 sob o título “Correspondência 1944 – 1959”, uma edição de Beatrice Vaillantcom, com prefácio e organização de Catherine Camus, filha do escritor.
Albert Camus, escritor e filósofo, e Maria Casarès, uma das maiores actrizes francesas da sua época, conhecem-se no dia 6 de Agosto de 1944, em casa do escritor Michel Leiris, no dia em que os americanos desembarcaram na Normandia. Uma data que é um ponto de viragem importante na II Guerra Mundial e que foi amplamente celebrada nas ruas de Paris. A antiga aluna do conservatório, natural da Corunha, e filha de um republicano espanhol no exílio, tinha 21 anos de idade, Camus 30. Maria Casarès tinha começado a sua carreira em 1942 no Théâtre des Mathurins, na altura em que Albert Camus publicava “O Estrangeiro”, também pela editora Gallimard. Sensível ao talento da actriz, Albert Camus confia-lhe o papel de Martha na peça “O Malentendido”, em Junho de 1944. Na noite do dia D tornam-se amantes. O escritor, nascido na Argélia, residia então sozinho em Paris, a guerra mantinha-o afastado da mulher, professora na cidade argelina de Orão.
Unidos por uma paixão súbita, separam-se uma primeira vez na sequência da chegada a Paris de Francine Faure, a mulher do escritor. Em Junho de 1948, cruzam-se de novo no Boulevard Saint-Germain. A partir desse dia, o destino de ambos fica definitivamente ligado. Não conseguem resistir ao amor que os une. Apesar das convenções, já nada os poderá separar.
A correspondência ardente e apaixonada que trocam a partir dessa data, num total de oitocentas e sessenta e cinco cartas, só será interrompida com a morte súbita do escritor, num acidente de viação no Sul de França, em 1960. Estas trocas epistolares, organizadas e publicadas só em 2017 pela editora Gallimard, no que constituiu na altura um verdadeiro acontecimento editorial, serviram de base para a construção deste espectáculo, para o qual foram selecionadas cento e setenta e duas cartas, sendo estas um testemunho de um amor indefectível, hoje mítico.
No contexto das suas vidas públicas e actividade criativa, livros e conferências, para o escritor, a comédia francesa, as digressões e o Teatro Nacional Popular, para a actriz , a correspondência cruzada dos dois revela quão intenso foi o seu relacionamento íntimo, experimentando, tanto na falta e na ausência como no consentimento mútuo, o ardor do desejo, o gozo dos dias partilhados, os trabalhos em comum e a busca do amor e da sua satisfação.
Sobre “Camus-Casarès, uma geografia amorosa” escreveu Fabienne Pascaud na revista Télérama, aquando da carreira da peça no Festival d`Avignon Off: “Os dois intérpretes reinventam e reencarnam de forma soberba as vozes e os corpos dos dois amantes que, sem caírem no sentimentalismo nem renunciarem à sua pulsão, souberam amar-se e respeitar-se até ao fim”.
“Quando amamos alguém, amamos sempre. Uma vez que não estivemos sozinhos, nunca mais estaremos sozinhos”, disse Maria Casarès muito depois da morte de Albert Camus.

Ficha técnica e artística:
Châteaux em Espagne
Um espectáculo de Jean-Marie Galey e Teresa Ovídio
Encenação: Élisabeth Chailloux
Interpretação: Jean Marie Galey e Teresa Ovídio
Luzes: Franck Thénevon
Som: Thomas Gauder
Figurinos: Corinne Chicheportiche
Movimento: Sophie Mayer
Co-produção: Théâtre de La Balance e Beaubourg Productions
Duração: 80 min.
Classificação: M/12
Espectáculo em francês, legendado em português
Preço: entre 9,10€ e 13€ (Clube de Amigos: 6,50€)
Albert Camus, Almada, Châteux en Espagne, Cultura, Maria Casarès, Teatro, Teatro Municipal Joaquim Benite