As praias da Caparica, uma linha de costa a preservar.
Devemos todos ter em consideração a nossa qualidade de vida e proteger os cidadãos utentes das praias e também a fauna e flora existentes em toda a orla marítima atlântica do nosso Concelho de Almada.
Iniciaremos esta crónica, falando de uma linha de costa que existe em Espanha, em concreto, na Andaluzia, no Parque Natural de Cabo de Gata – Nijar. Quando chegamos à localidade de San Jose e seguimos pelo Camino del Aguamarina, seguindo posteriormente pela Calle Ronda, chegamos a um entroncamento que dá acesso a algumas das mais belas praias mediterrâneas do Parque Natural de Cabo de Gata, de que destaco a muito conhecida Playa de Los Genoveses. Esta linha de costa congrega ao todo, cerca de cinco ou seis praias, todas de acesso em terra batida e macadame. Todas têm Parque de Estacionamento com número de lugares definido.
Acontece que no início do verão, o único acesso a estas praias é condicionado a veículos automóveis, só entrando no perímetro, o número exato de lugares de estacionamento e sendo cobrada uma taxa diária de cinco euros. Quanto a pessoas pedestres e pessoas com bicicletas, não existe qualquer restrição em número de visitantes.
Ora, no nosso Concelho de Almada temos uma frente atlântica com cerca de 24 Km, onde todas as praias têm Parque de Estacionamento para veículos automóveis. Acontece que mal inicia o verão e até ao seu final, o estacionamento nas praias torna-se muito complicado devido a muitos automobilistas não respeitarem as regras de trânsito, estacionando onde não podem, mesmo na faixa dedicada a bicicletas e, quase sempre, pondo em causa a movimentação de ambulâncias e veículos de bombeiros, colocando assim em perigo a integridade física dos munícipes, restantes veraneantes e suas famílias em caso de urgência, perante um incêndio na mata/pinhal, ou em caso de tsunami que possa ser originado por sismo. Tenha-se em consideração o recente sismo do dia 26 de agosto de 2024 que se fez sentir em Portugal, Espanha, Gibraltar e Marrocos e que, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), teve a magnitude 5,3 na escala de Richter, com o epicentro a 58 km a Oeste de Sines, bem perto da nossa costa atlântica.
Ou seja, em caso de incêndio na mata/pinhal ou em caso de tsunami que possa ser originado por sismo, ninguém entra ou sai, sendo certo que os carros estacionados, muitos de forma caótica e ilícita, alavancam substancialmente o problema de segurança neste território. Que não tenhamos dúvida desta previsível factualidade.
Estamos convencidos que as autoridades municipais e administrativas têm este problema sazonal colocado em cima da mesa.
Devemos todos ter em consideração a nossa qualidade de vida e proteger os cidadãos utentes das praias e também a fauna e flora existentes em toda a orla marítima atlântica do nosso Concelho de Almada.
A Câmara Municipal de Almada, desde 2017, está a desenvolver políticas territoriais de melhoria deste território necessitado de infraestruturas e com algumas infraestruturas desadequadas. A título de exemplo dessa política camarária de reforço e requalificação do território, podemos referir a reabilitação da Rua dos Pescadores, o fecho e reorganização do trânsito na Praça da Liberdade e parte da Av. Da República, bem como o aumento da área pedonal no território, devolvendo o espaço público às pessoas, a implantação de um jardim urbano na frente de praia da cidade da Costa de Caparica, a nova rotunda no final da A38/IC20, a criação de uma nova rotunda de fluidez de trânsito na Av. Afonso de Albuquerque com a Av. Manuel de Agro-Ferreira, a criação por via do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) do Agroparque Terras da Costa e do Mar e consequente valorização da economia do setor primário deste território, com o lançamento da marca Costa do Mar, os programas Praia Protegida e Praia Segura, o segundo REDUNA, a requalificação total da Estrada Florestal (N377-2) com novo traçado, novo pavimento, com ciclovia, com rotundas de acesso às praias que configuram uma nova mobilidade para os munícipes e para todos os cidadãos que nos visitam.
Se pretendemos, de facto, qualidade de vida no verão, no acesso às praias do Concelho de Almada deve ser privilegiado o transporte público e a nova rede ciclável existente, bem como se sugere que os acessos a essas praias, devem ser regulamentados no sentido de apenas permitir a entrada do número de veículos automóveis compatível com a capacidade dos parques de estacionamento existentes, condicionado ao número de lugares existentes.
Sugerimos ainda que esse parqueamento deverá ser pago no verão, com o objetivo de constituir reservas financeiras para continuar a melhorar toda a infraestrutura da linha de costa atlântica do Concelho de Almada.
Almada Online, Crónica, Opinião, Pedro Dias Pereira, PS