Casa para Viver fez conferência de imprensa no Penajóia

"A luta dos moradores é uma condição fundamental para que seja encontrada uma solução justa"

A Plataforma Casa Para Viver anunciou na passada Segunda-Feira, 8 de Julho, que irá ser realizada uma manifestação em várias localidades do país, a 28 de Setembro, em defesa do direito à habitação.

“Depois das grandes manifestações de 1 de Abril de 2023 e 30 de Setembro de 2023, a Casa Para Viver convoca nova manifestação para 28 de Setembro, às 15h em várias localidades de Portugal”, refere o movimento que, a 27 de Janeiro deste ano, também realizou manifestações em 19 cidades do país.

O anúncio foi feito numa acção junto do coreto do Penajóia, um bairro autoconstruído num terreno que é propriedade do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) no Pragal, e que durante a pandemia de Covid-19 cresceu exponencialmente para albergar “muitas famílias que ficaram sem quaisquer alternativas habitacionais”.

A acção para divulgar a manifestação nacional em Setembro, explicou André Escoval do movimento “Porta a Porta” em declarações à agência Lusa, visa também “defender o direito à habitação digna de populações que estão neste bairro.”

“Queremos chegar a muitas cidades do país. O caso deste bairro é o exemplo das opções políticas desta maioria, despejar sem olhar às situações das famílias. A autoconstrução é hoje o único meio de muitas famílias para ter algo que se assemelha a uma habitação”, disse o porta-voz do movimento, que integra a Plataforma Casa para Viver.

Actualmente, o bairro tem cerca de 160 agregados, num total de 400 pessoas, entre as quais cerca de 100 menores e mais de 20 pessoas idosas, doentes crónicos e mulheres grávidas, explica a plataforma em nota de imprensa.

A 11 de Junho, o IHRU informou os moradores do bairro, através de um edital afixado nas paredes, que pretende, a partir de dia 10 de Julho , proceder à “remoção de construções, bens, produtos ou resíduos dos terrenos” dos quais é proprietário e onde se ergue o bairro.

O IHRU assegurou também numa resposta enviada à agência Lusa, na passada Sexta-feira, dia 5 de Julho, que não serão realizadas desocupações de edificações no bairro de Penajóia, em Almada, sem que sejam providenciadas previamente alternativas habitacionais adequadas aos respectivos agregados familiares.

Contudo, a plataforma considera que nada está totalmente garantido e que a luta dos moradores é uma condição fundamental para que seja encontrada uma solução justa.

Segundo a Plataforma Casa para Viver, “as políticas do novo governo acabaram com as poucas medidas do programa Mais Habitação que combatiam a especulação imobiliária, a ‘turistificação’ total das cidades, a especulação financeira e a tímida limitação das rendas. “

“A situação na habitação das pessoas que vivem em Portugal era má, agora é muito pior”, refere em comunicado a plataforma, que congrega mais de 100 associações, adiantando que “continua a bater-se para que haja políticas de habitação que permitam que todos os que vivem, estudam e trabalham em Portugal possam ter direito a conseguir viver numa casa digna”.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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