Costa da Caparica | Charulata

Um filme de Satyajit Ray que pode ser visto dia 3 de Outubro às 21h, no Auditório Costa da Caparica

O Cineclube Impala, organizado pela Associação Gandaia, leva ao ecrã do Auditório Costa da Caparica, o filme “Charulata”, de Satyajit Ray, iniciando um ciclo de cinema dedicado ao cineasta indiano, que decorrá durante o mês de Outubro.

Baseado no conto de 1901 “Nashtanirh” (O Ninho Partido) de Rabindranath Tagore, Charulata (A Esposa Solitária) conta a história de um casamento em risco, e de uma mulher que dá os primeiros passos para estabelecer sua própria voz.

A história decorre em Calcutá em 1870, e centra-se em Charulata (Madhabi Mukherjee), uma mulher inteligente e solitária, interessada em arte, poesia e literatura, casada com Bhupati (Sailen Mukherjee), um intelectual abastado e editor de um jornal político. Embora Bhupati ame a sua esposa, não tem tempo para ela, pois passa mais tempo no escritório, a fazer política, e absorvido pelo trabalho do que em casa, negligenciando Charulata emocionalmente, deixando-a isolada e aborrecida com a sua rotina diária. Amal (Soumitra Chatterjee), primo de Bhupati e aspirante a escritor, vai viver com eles para tentar encontrar um rumo para a sua vida e fazer companhia a Charulata. No entanto, passados alguns meses, os sentimentos entre Charu e Amal começam a ultrapassar a simples amizade.

O filme aborda temas como o amor não correspondido, as complexas dinâmicas do casamento, e o papel da mulher na sociedade, tudo isto tratado com a subtileza característica de Satyajit Ray. “Charulata” é amplamente considerado uma das obras-primas do cinema indiano, especialmente pelo retrato sensível e profundo dos sentimentos interiores da protagonista. A estética visual do filme, aliada à complexidade emocional das personagens, constrói uma narrativa rica e delicada sobre o desejo, a solidão e as escolhas pessoais num contexto social restritivo.

A Índia, na época retratada pelo filme, encontrava-se em plane Renascença Bengali, a meio caminho entre a sua cultura milenar e o peso e presença da época vitoriana, trazida pelos colonizadores ingleses.

Satyajit Ray, afirmou que esta era a sua longa metragem preferida, que se tornou num dos filmes da História do Cinema. Com este filme Ray recebeu o Urso de Prata para a Melhor Realização, no Festival de Berlim de 1965.

Satyajit Ray (1921-1992) foi um cineasta indiano, lembrado por muitos como um dos grandes directores do cinema do século XX. Nasceu em Calcutá, numa família bengali importante no mundo das artes e letras. Ray interessou-se pelo cinema depois de se encontrar com o cineasta francês Jean Renoir, e assistir ao filme neorealista italiano “Ladrões de Bicicletas”, durante uma visitaa Londres. Dirigiu ao longo da vida 37 filmes. O primeiro filme “Pather Panchali”, ganhou 11 prémios internacionais, incluindo “Melhor documentário humano” no Festival de Cannes. Com “Aparajito” e “Apur Sansar,” forma a “trilogia Apu”, vista por muitos como o magnum opus de Ray. O cineasta trabalhou em várias funções no mundo do cinema, tais como argumentista, no elenco, em bandas sonoras, fotografia, direcção de arte, edição e criaçãop de seu próprio material publicitário. Além de fazer filmes, foi um autor de ficções, editor, ilustrador, designer gráfico e crítico de cinema. Ray recebeu muitos prémios importantes ao longo da carreira, incluindo 32 prêmios nacionais na Índia, uma série de prêmios no Festival Internacional de Cinema de Cannes e um Óscar pelo reconhecimento do seu trabalho em 1992.

©DR / Aborrecida e fechada em casa, Charulata, observa a vida que se passa na rua.

Ficha Técnica:

Título original: Charulata
Realização: Satyajit Ray
Argumento: Rabindranath Tagore, Satyajit Ray
Produção: R.D. Bansal
Elenco: Soumitra Chatterjee, Madhavi Mukherjee, Shailen Mukherjee, Shyamal Ghoshal, Gitali Roy, Dilip Bose, Nilotpal Dey, Bankim Ghosh, Bholanath Koyal, Kamu Mukherjee, Suku Mukherjee, Subrata Sensharma
Música: Satyajit Ray
Fotografia: Subrata Mitra
Edição: Dulal Dutta
Género: Drama
Origem: Índia
Ano: 1964
Duração: 106 min
Classificação: M/12

1€ sócios | 2€ geral

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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