População da Trafaria exige reabertura do Centro de Saúde
"O que as pessoas precisam é de não terem de se deslocar à Costa da Caparica para fazer um penso ou ter uma consulta."
Realizou-se no passado Sábado 6 de Julho, no Casino da Trafaria um debate entre as populações da freguesia e a Comissão de Utentes de Saúde do Concelho de Almada (CUSCA), para analisar a resposta negativa da Câmara Municipal de Almada (CMA), à reabertura do Centro de Saúde da Trafaria, nas valências de Cuidados Primários e de Enfermagem.
Recorde-se que este Centro de Saúde foi encerrado em 2013, e desde então esta decisão tem merecido o repúdio e diversas lutas por parte das populações da Trafaria.
Em comunicado, a CUSCA refere que “Ao aceitar a transferência de competências para a área da saúde em 2023, a CMA tem o dever de promover a reabertura do centro de saúde.”
Nesta reunião, “amplamente participada”, as populações rejeitaram a intenção da CMA de utilizar o edifício construído para as instalações do centro de saúde, para outros fins, que não sejam o acesso a consultas e cuidados de enfermagem.
“Os utentes são obrigados a deslocarem-se para o centro de saúde da Costa da Caparica com todos os inconvenientes inerentes, sobretudo para os idosos e crianças.”, explica a CUSCA.
Neste contexto, por unanimidade, os presentes no debate decidiram encetar acções reivindicativas pela reabertura do centro de saúde, começando por um abaixo-assinado que irá circular em toda a Freguesia, e será entregue em Outubro na CMA, com conhecimento do Governo e do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde Almada Seixal (ULSAS).
“Com a transferência de competências o governo mantém a responsabilidade de contratar médicos e enfermeiros, mas a cma pode contratar outro tipo de trabalhadores para a área da saúde, como é o caso dos motoristas, essenciais para que o apoio domiciliário nesta área se realize. Ao não contratar motoristas, a CMA faz com que várias freguesias não consigam cumprir todas as necessidades do apoio domiciliário de saúde, por exempolo.”, explica Luísa Ramos da CUSCA, ao Almada Online.
“O Centro de Saúde da Trafaria foi construido para esse fim, encerrou em 2013, e a partir daí as populações, o poder local e os movimentos de utentes fizeram lutas para mostrar o seu descontentamento e exigir a sua reabertura. Dirigiram-se sempre aos governos, porque até ao ano passado a área da saúde era uma responsabilidade inteiramente dos governos.”, explica.
O edificio esteve em obras muito tempo e ninguém entendia porquê. “Agora as pessoas retomaram a exigência do fim das obras e a reabertura do centro de saúde. O edificio agora é da CMA, que diz que não vai haver centro de saúde, apenas uma extensão de saúde, que deveria ter médicos de familia e serviços de enfermagem. A CMA o que diz é que as obras estão quase a acabar, e que a extensão de saúde vai ter valências de apoio à comunidade, e um balcão do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para prestar informações necessárias e melhorar a literacia na saude. O que as pessoas precisam é de não terem de se deslocar à Costa da Caparica para fazer um penso ou ter uma consulta.”, continua Luísa Ramos.
“Se a CMA quisesse ajudar a resolver o problema diria, sim percebemos os problemas da população. Há dificuldade de transportes para a Costa, as populações da Trafaria estão envelhecidas e por vezes isoladas no território. A Trafaria não é apenas o aglomerado de habitações do centro da vila. Do ponto de vista teórico estamos todos de acordo, os problemas pontuais resolvem-se com os cuidados primários, mas quem tem doenças graves agudas, não os resolve com os cuidados primários. Do ponto de vista do direito à saúde, entendemos que a CMA não está a mostrar empatia, nem solidariedade para com aquelas pessoas.”
Também existem problemas no centro de Saúde da Charneca da Caparica
“Tivémos uma reunião na Charneca da Caparica, em que nos foi dito pelos técnicos de saúde do centro dessa freguesia, que quando está muito calor estão a atender os doentes a pingar suor, e a CMA não arranja o ar condicionado, como foi pedido. Os profissionais de saúde deste centro Já nos disseram, que nas próximas vagas de calor intenso fecham depois das 11h, e que todos estão informados deste assunto, a CMA e a ULSAS. Estas obras são da responsabilidade da CMA. Os técnicos de saúde com esta decisão só estão a cumprir as regras de saúde e de higiene no trabalho.”, explicou ao Almada Online, Luísa Ramos da CUSCA.
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