Presidente da Câmara de Almada manda limpar ruas para…..visita de deputados! 

Contentores a transbordar, lixo que se acumula por dias na via pública, falta de higiene, e ao mesmo tempo, muita falta de civismo da parte de alguns munícipes, tornam a cidade e o concelho num não exemplo da estratégia de limpeza e higiene urbana.

A Presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, teve uma resposta tão inusitada como hilariante, perante um conjunto de questões e considerações, que na qualidade de deputado municipal, eleito pela lista da AD nas autárquicas de 2021, lhe coloquei, acerca do crescente e exponencial número de reclamações dos munícipes sobre a falta de limpeza, recolha do lixo e demais resíduos. Esta situação atingiu um ponto não só lastimável como preocupante, um pouco por todo o concelho, considerando os constrangimentos e problemas de saúde que podem advir da falta de limpeza do espaço público. 

Contentores a transbordar, lixo que se acumula por dias na via pública, falta de higiene, e ao mesmo tempo, muita falta de civismo da parte de alguns munícipes, tornam a cidade e o concelho num não exemplo da estratégia de limpeza e higiene urbana. 

A este cenário desolador e às reclamações, junta-se a falta de um planeamento adequado às necessidades e ao volume de resíduos produzido pelos munícipes e estabelecimentos comerciais de restauração, supermercados e análogos, e também a gritante falta de fiscalização do espaço público. Esta deveria ter não só como objectivo prevenir através da pedagogia e da sensibilização, mas também uma posição coerciva quando os demais meios estiverem esgotados, sob pena do concelho se tornar uma mini Etar, passo o exagero da comparação. 

Assim, já se percebeu há muito que essa mesma estratégia (acho mesmo que é ausência de estratégia) tem vindo a definhar a cada ano que passa. Um segundo mandato do PS com Inês de Medeiros como timoneira, vem demonstrando uma total, e não me canso de afirmar, falta de competência e mesmo de amor à terra, tal como um desnorte significativo de políticas direccionadas para o bem-estar do cidadão, neste caso bem patente na anarquia do lixo público.

Se todo este cenário é já por si miseravelmente funesto, encontramos ainda o ridículo e o caricato bem ao nível do Borda d’Água ou dos saudosos Parodiantes de Lisboa (sucesso radiofónico do século passado), quando mesmo nas barbas da sinalização e aviso de “Poíbido deitar lixo / Sujeito a Coimas”, o espaço envolvente é de uma imundice de fazer inveja a qualquer lixeira a céu aberto, revelando a constante ausência de fiscalização e de controlo adequado a estancar este flagelo, que infelizmente encontramos um pouco por todo o concelho. 

Voltando ao início, e depois desta breve introdução para contextualizar o assunto, na última sessão de Assembleia Municipal realizada no final de Junho, no Laranjeiro, relembrei junto do executivo a preocupação e alertas deixados pelos almadenses acerca do problema em apreço. O desespero e frustração que é ter à porta de casa contentores a transbordar de lixo, que acumulam os mais variados resíduos urbanos e domésticos, potenciador do surgimento de pragas variadas, doenças, mau cheiro, e uma gritante poluição visual, que cria um espaço público medonho, com características de abandono e esquecimento. 

Às questões que coloquei, Inês de Medeiros, assumiu o problema, mas não se inibiu de comparar Almada com o vizinho do lado, ou dos muitos concelhos pelo país fora que, na sua opinião, atravessam um grave aumento na produção de resíduos, com a inevitável falta de meios, insuficientes para todas as necessidades, ou para o seu volume. Ora, na minha opinião, nada é mais falacioso. Entendo que a presidente da câmara, como faz muitas (demasiadas) vezes, faça sobre este assunto o que o povo muito sabiamente apela de “sacudir a água do capote”, numa tentativa de justificar o seu enorme fracasso e desleixo para com a cidade e o concelho. A mesma, afirma ainda, que há falta de mão de obra e que tem sido muito difícil recrutar trabalhadores para desempenharem essas funções, passando-se o mesmo noutros concelhos do país. 

Senhora Presidente Inês de Medeiros, eu não sei se a senhora conhece muitos concelhos do país e se os visita, não sei se reúne com autarcas de outros concelhos e discute estas matérias, sobretudo no que diz respeito ao quadro de pessoal afecto à higiene urbana. Não sei se passeia pela Fonte da Telha, pelo centro de Almada, pela Costa da Caparica, pelo Laranjeiro, pela Cova da Piedade, só para mencionar alguns exemplos de onde surgem queixas e reclamações que os munícipes nos transmitem, pedindo ajuda para solucionar o problema. De uma coisa tenho a certeza: a sua estratégia de limpeza está a falhar. Os almadenses exigem, nem que seja pelo facto de pagarem os seus impostos, um espaço público limpo, cuidado e aprazível, para poderem viver as suas vidas em harmonia e com saúde. 

Falo com muitos autarcas por esse Portugal fora, até para ter a certeza e ser exacto nas minhas afirmações, e o cenário dantesco e miserável de acumulação do lixo urbano na via pública, não se verifica na maior parte dos concelhos do país como afirma. Portanto, seria mais fácil e humilde, assumir que a estratégia é inexistente, e colocar mãos à obra urgentemente, para dar uma nova cara às ruas do concelho. 

No meio de todo este drama, eis que ficámos a saber que as ruas só se limpam com afinco, quando visitadas por políticos (!) Nada mais surreal, insólito e preocupante, quando este tipo de postura e afirmações surge por parte de uma presidente de câmara. Não estou a inventar nada, as suas desusadas afirmações foram proferidas em plena sessão de Assembleia Municipal (fica aqui a ligação para as mesmas), realçando o facto de que terá dado instruções aos serviços para limparem o espaço público, aquando da visita dos deputados municipais.

Na prática, nem foi um espaço público limpo que os deputados encontraram, levando-nos a concluir que ou foi mal limpo, ou os serviços pura e simplesmente não acataram as directrizes da sra. presidente, de tão injustas e ridículas que são aos olhos de todos. Mas se tudo isto já era mau e excêntrico, eis que a presidente da câmara finaliza mais ou menos com estes termos: “para a próxima o melhor é verem a realidade !”. Acho que não preciso dizer mais sobre a falta de qualidades desta presidente de câmara, tal é o descaramento, a falta de noção, de bom senso e de conhecimento da realidade. Ás vezes duvido que a mesma esteja presente fisicamente a maior parte do tempo, enquanto líder da autarquia. 

Voltando à Terra, o espaço junto ao bairro cor de rosa do Monte da Caparica, que como deputados municipais visitámos no âmbito da 5ª Comissão Especializada Permanente da Assembleia Municipal de Almada, que se encarrega dos temas de Saúde, Habitação e Ação Social, na companhia dos revoltados moradores e de técnicos do IHRU, é uma pura imundice a céu aberto, que a câmara não se preocupa em limpar ou cuidar há anos.

E assim vai a terra de D. Sancho no ano de 2024, (des)governada por socialistas. 

António Pedro Maco

Deputado Municipal eleito pelo CDS-PP na Assembleia Municipal de Almada

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