Fertagus e Metro Sul do Tejo afectados pela greve geral dos maquinistas

Declarações do Ministro Leitão Amaro, feriram honra e profissionalismo dos maquinistas

O Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) convocou um pré-aviso de greve geral para a próxima Sexta-Feira, dia 6 de Dezembro. Ainda não foram decretados serviços mínimos.

Os serviços da Fertagus e do Metro Sul do Tejo serão afectados, pois “a greve geral abrange pela primeira na sua história todas as empresas onde temos representação: Fertagus, Metro Sul do Tejo, Viaporto [metro do Porto], Captrain e Medway [ambas de transporte de mercadorias], CP e IP – Infraestruturas de Portugal”, pode ler-se no comunicado do SMAQ.

Em causa está “a nossa profissão, o respeito pela nossa classe e a segurança de quem trabalha e utiliza o transporte ferroviário”, pode ler-se no comunicado da estrutura sindical.

Na Terça-Feira passada, 3 de Dezembro, realizou-se uma reunião entre representantes dos maquinistas e do gabinete do Ministério das Infraestruturas e Habitação. À saída o SMAQ informou que “o pré-aviso de greve mantém-se”. No entanto, está previsto outro encontro entre os mesmos representantes.

A paralisação foi convocada pelo SMAQ após o ministro da Presidência, Leitão Amaro, ter associado o tema dos acidentes ferroviários ao consumo de álcool dos maquinistas.

“As declarações infundadas do Sr. Ministro da Presidência representam um ataque directo à nossa honra e profissionalismo. Ao associar os maquinistas a rankings negativos de segurança de forma injustificada, ignora-se a verdadeira origem dos problemas: as insuficiências estruturais do sistema ferroviário que são factores externos ao desempenho dos trabalhadores.”, afirma o SMAQ no seu comunicado.

O SMAQ acrescenta ainda que “a nossa profissão é marcada por um desgaste psicológico elevado, agravado por fatalidades e colhidas,
cujos impactos afectam profundamente a saúde psíquica dos maquinistas. Somos vítimas das lacunas do sistema, não a sua causa, e exigimos que a responsabilidade seja atribuída onde realmente se encontra: na falta de investimentos e soluções para os problemas estruturais da infraestrutura ferroviária.”

Na conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros de 28 de Novembro passado, o governante afirmou que “Portugal tem o segundo pior desempenho ao nível do número, por quilómetro de ferrovia, de acidentes”. Por isso, será apresentada na Assembleia da República (AR) uma proposta de lei “criando uma proibição de condução sob o efeito de álcool”, acrescentou o ministro Leitão Amaro.

No dia em que emitiu o comunicado sobre a greve, o SMAQ adiantou que não obteve qualquer resposta à exigência feita ao ministro para que clarificasse e rectificasse publicamente as suas declarações.

Esta informação será actualizada caso venham a ser definidos serviços mínimos.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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