Autarca de Almada pede aumento urgente de carruagens nos comboios da Fertagus
O contrato de concessão feito pelo Governo não contemplou a compra de mais carruagens
A presidente da Câmara Municipal de Almada (CMA), Inês de Medeiros, alertou, esta Terça-Feira, 14 de Janeiro, para a necessidade urgente de um reforço do número de carruagens nos comboios da Ponte 25 de Abril, para resolver os constrangimentos registados, sobretudo na estação do Pragal.
Vários utentes do serviço ferroviário prestado pela Fertagus, que liga a margem sul a Lisboa, têm vindo a denunciar, nas redes sociais e em alertas dirigidos à autarquia, que desde que foram alterados os horários os comboios que partem de Setúbal enchem rapidamente deixando passageiros de fora, especialmente na estação do Pragal, em Almada.
Face a estas queixas, a presidente da CMA, Inês de Medeiros, esteve hoje na estação do Pragal oelas 8h, e numa declaração aos jornalistas alertou para a necessidade do problema ser resolvido.
“Os constrangimentos que temos notado, e de forma muito intensa, devem-se a uma reformulação no seguimento de uma renovação do contrato de concessão que o Governo fez com a Fertagus. De facto, aumentou a frequência e não temos dúvidas da importância, mas tem um grande inconveniente que é não haver aumento de carruagens”, apontou Inês de Medeiros.
A autarca acrescentou que a grande prejudicada do novo modelo é a população de Almada e do Seixal, porque quando os comboios chegam às estações destes dois concelhos, já vêm cheios.
Em Dezembro, a empresa decidiu alterar os horários dos comboios entre as estações de Setúbal e de Lisboa (Roma-Areeiro), passando estes a ter uma periodicidade de 20 minutos nos dois sentidos, anteriormente esta era de 30 em 30 minutos nos dias úteis, e de 60 em 60 minutos aos Sábados, Domingos e Feriados.
Contudo, os utentes queixam-se que esta alteração não foi acompanhada por um reforço de carruagens, havendo assim relatos de passageiros, que nas estações dos concelhos de Almada e Seixal (Coina, Fogueteiro, Foros de Amora, Corroios e Pragal), não conseguem lugar no horário que habitualmente utilizavam. Os utentes perante os comboios sobrelotados, esperam pelo próximo que também chega às estações na mesmas condições. Um cenário que se repete nas horas de ponta.
Tem havido relatos de atrasos significativos na chegada aos locais de trabalho, problemas com empregadores, desmaios a bordo, que levam ainda a um maior atraso, pois os comboios têm de esperar na estação seguinte pela chegada do INEM. Há até quem já tenha desistido de utilizar este meio de transporte, optando pelo transporte rodoviário no tabuleiro da ponte, ou pelo fluviário em Cacilhas, prolongando os seus movimentos pendulares diários em horas. É uma perda real do serviço prestado e da qualidade de vida dos utentes.
“Não faz sentido que este aumento de frequência se traduza numa diminuição de carruagens. Acho que há um erro de cálculo. Percebo o exercício difícil que a Fertagus tem tentado fazer na gestão dos comboios, e, portanto, é também este o apelo que deixamos aqui: é que rapidamente se repense o número de carruagens”, disse.
Inês de Medeiros adiantou que tem estado em contacto permanente com a administração da Fertagus, empresa que, afirma, terá reconhecido alguns problemas.
“Sabemos que estão a fazer uma reorganização. Esperamos que na Segunda-Feira haja já melhorias, mas também sabemos que serão insuficientes face ao que temos assistido nos últimos dias”, frisou, reforçando que a necessidade premente é o aumento do número de carruagens, uma vez que a procura deste serviço aumentou 30%o no último ano.
“No seguimento da renegociação da concessão, o aumento de frequência não veio acompanhado de aumento de material circulante. A administração da Fertagus está consciente desse problema e também nos disse que há 25 anos que tem o mesmo material circulante”, disse a presidente da CMA.
“Lamentamos que o Governo se tenha vangloriado de uma poupança de 6 milhões de euros [na recente prorrogação da concessão à Fertagus] em vez de aplicar essa verba no reforço do material circulante”, disse ainda a autarca socialista.
Fertagus avalia serviço para adequar oferta à procura
A Fertagus anunciou, também esta Terça-Feira, que está a avaliar o serviço, e que na Segunda-Feira fará alterações na afectação dos comboios duplos e simples nas horas de ponta.
Numa informação dirigida aos utentes, publicada na sua página no Facebook, a transportadora ferroviária explica que tem “acompanhado atentamente a implementação do novo horário comercial, que está em vigor desde 15 de Dezembro, e que está “vigilante quanto à evolução da procura.”
Nesse sentido, afirma que “estão a ser efectuadas validações de contagens de passageiros e, se for validada a actual percepção da procura, no dia 20 de Janeiro” procederá a “alterações na afectação dos comboios duplos e simples nos períodos de hora de ponta, no sentido de garantir uma melhor adequação à procura.”
A ligação ferroviária entre Lisboa e a margem Sul foi inaugurada em 29 de Julho de 1999 com o objectivo de retirar carros da Ponte 25 de Abril.
A travessia liga as estações de Roma-Areeiro, em Lisboa, a Setúbal, e conta com 10 estações na margem Sul e quatro na capital.
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