Sistema de resíduos sólidos urbanos da AML precisa de 900 milhões de euros até 2030 

Será elaborado um Plano de Acção Metropolitano de Gestão de Resíduos Urbanos

“É previsível que sejam necessários mais de 900 milhões de euros de investimento no sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos da Área Metropolitana de Lisboa (AML) até 2030, para que os seus 18 municípios e a região atinjam as metas europeias e nacionais estipuladas pelo PERSU 2030 – Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos 2030″, informa a AML em comunicado enviado às redacções 

Os valores apurados baseiam-se nos planos de acção elaborados pelos municípios e pelos sistemas de gestão de resíduos urbanos (SGRU), Amarsul, Tratolixo e Valorsul, e incluem investimentos em infraestruturas e actividades desenvolvidas para a renovação, requalificação e ampliação dos sistemas de recolha e tratamento de resíduos, ou seja, em infraestruturação e capacitação. 

O montante estimado foi dado a conhecer pela AML, na segunda reunião do Grupo de Trabalho Metropolitano de Resíduos que decorreu na Galeria Municipal do Montijo. 

Desafios e Soluções para o Sector dos Resíduos 

“Equacionando-se as metas estabelecidas, e o actual cenário do sector da gestão de resíduos, marcado por uma elevada subida dos custos de tratamento e pela falta de financiamento, esta é uma preocupação operacional, técnica, estratégica e económica central para os municípios e para a região.”, pode ler-se no mesmo comunicado.

Na reunião, os representantes dos municípios iniciaram a discussão sobre eventuais cenários possíveis para a promoção do equilíbrio financeiro do sector, visando o cumprimento das metas ambientais, e a melhoria do serviço prestado às populações. 

Foram debatidos várias possibilidades e modelos de gestão que obrigam a uma maior articulação entre os diversos intervenientes, iniciando-se, assim, um processo de construção de uma eventual resposta de âmbito regional a um problema de natureza local, regional e nacional, que contemple formas de gestão dos sistemas mais sustentáveis e eficientes, indispensáveis à transição para uma economia circular. 

A AML também solicitou uma reunião com a ministra do Ambiente, para expor as suas preocupações, que continuarão a ser debatidas nas próximas reuniões do Conselho Metropolitano, onde estão presentes todos os presidentes de câmara dos 18 municípios da AML. 

Recolha selectiva e recolha indiferenciada 

Os dados apurados na área metropolitana de Lisboa indiciam que, durante 2024, a recolha indiferenciada de resíduos sólidos possa representar cerca de 68% do total, ficando os restantes 32% para a recolha selectiva. Para ir ao encontro das metas nacionais estabelecidas para 2030, os valores terão de ser substancialmente invertidos para 39% de recolha indiferenciada, e 61% de recolha selectiva. 

Relativamente à recolha selectiva, os crescimentos anuais terão de ser de cerca de 5,2% para vidro, 8,7 % para papel e cartão, 14,2% para metal e 20,2% para biorresíduos. A recolha selectiva de monos deve diminuir cerca de 5,6% ao ano. É necessário que a recolha selectiva, em termos globais, cresça cerca de 10% ao ano até 2030, em contraste com o crescimento tímido observado nos últimos anos. 

Plano de Acção Metropolitano de Gestão de Resíduos Urbanos 

A evolução das taxas de retoma e captura dos últimos anos, que tem sido pouco expressiva apesar dos esforços desenvolvidos, o aumento muito considerável dos custos de tratamento de resíduos, e a ausência de financiamento relevante previsto para o sector, fazem com que seja urgente construir uma estratégia metropolitana. 

“A AML pretende conjugar esforços para a elaboração de uma solução metropolitana, consensual, ambiciosa e realista, para o cumprimento dos objectivos nacionais e europeus. Esta reflexão, bem como os trabalhos com vista à elaboração do Plano de Acção Metropolitano de Gestão de Resíduos Urbanos, estão actualmente numa fase inicial de caracterização.”, finaliza a AML.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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